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Europa, Reino Unido, Canadá e EUA anunciam sanções contra a China

Em resposta, os chineses aplicaram medidas semelhantes contra parlamentares e instituições europeias, no que pode ser um sinal crescente de conflito entre Pequim e as nações ocidentais

 (Stringer/Getty Images)

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EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de março de 2021 às 17h46.

Última atualização em 23 de março de 2021 às 18h08.

Em uma ação coordenada, União Europeia (UE), Reino Unido, Canadá e Estados Unidos anunciaram na segunda-feira, 22, sanções contra integrantes do governo da China, relacionadas a acusações de violações dos direitos humanos dos muçulmanos uigures da província chinesa de Xinjiang.

Em resposta, os chineses aplicaram medidas semelhantes contra parlamentares, acadêmicos e instituições europeias, no que pode ser um sinal crescente de conflito entre Pequim e as nações ocidentais. Nesta terça-feira, 23, o país asiático convocou seu embaixador na União Europeia.

De acordo com a decisão publicada pela União Europeia, Wang Mingshan, Wang Jungzheng e Zhu Hailun, todos funcionários de alto escalão do governo em Xinjiang, terão bens em solo europeu congelados e não poderão entrar no bloco. Também foi incluída uma organização ligada às forças de segurança na província.

Outro a ser punido pela UE foi o diretor do Escritório de Segurança Pública de Xinjiang, Chen Mingguo, responsável, segundo a denúncia, por "sérias violações dos direitos humanos", e por ordenar "detenções arbitrárias e tratamento degradante de uigures e pessoas de outras minorias étnicas muçulmanas". As ações foram replicadas pelos governos do Canadá e do Reino Unido.

Desde 1989, quando os europeus aplicaram um embargo sobre a venda de armas, relacionado ao massacre de manifestantes que pediam reformas do regime na Praça da Paz Celestial, o bloco não emitia sanções contra Pequim, e mantinha uma política de equilíbrio.

Ao mesmo tempo que fazia críticas relacionadas aos direitos humanos, evitava o confronto direto para poupar as relações econômicas com a China, maior parceiro comercial da UE. Resta saber se as sanções marcam uma mudança de rumo.

Também nesta segunda-feira, os Estados Unidos incluíram Wang Junzheng e Chen Mingguo na lista de pessoas sob sanções do Departamento do Tesouro — na semana passada, 24 pessoas ligadas ao Partido Comunista Chinês e ao governo de Hong Kong foram postas sob sanções americanas, desta vez relacionadas à situação na cidade chinesa.

As medidas vêm em meio a uma política de pressão liderada por Washington contra a China. Na semana passada, os dois países realizaram seu primeiro encontro bilateral, marcado por desentendimentos, acusações e críticas mútuas. Entre os pontos levantados pelo lado americano estava a situação em Xinjiang.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, fará uma visita a Bruxelas nesta semana — nos últimos dias, ele se reuniu com líderes da Ásia e do Pacífico, em busca de uma aliança contra a China.

Apesar das ações serem, na prática, simbólicas, a resposta de Pequim surpreendeu pela rapidez: quase que imediatamente, a Chancelaria anunciou sanções contra dez cidadãos da União Europeia, incluindo eurodeputados, parlamentares e acadêmicos.

"Ela [União Europeia] deveria parar de dar lições aos outros sobre direitos humanos e de interferir em questões internas", afirmou, em comunicado, o governo chinês, afirmando ainda que poderá adotar "outras reações" no futuro.

O ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, reagiu às acusações nesta terça-feira, durante uma reunião com o chanceler russo, Serguei Lavrov. "Nos últimos dias, uma minoria de potências ocidentais se manifestou para difamar e criticar a China", disse. E completou: "No entanto, devem saber: os dias em que podiam inventar histórias, ou fabricar uma mentira, para interferir nos assuntos internos da China acabaram", acrescentou.

O vice-ministro das Relações Exteriores, Qin Gang, também criticou a decisão das potências ocidentais e cobrou uma retratação por parte da União Europeia. "A China insta a UE a reconhecer a gravidade de seu erro, corrigi-lo e encerrar o confronto, de modo a não causar mais danos às relações sino-europeias", acrescentou.

A China alega que sua atuação em Xinjiang é parte da luta antiterrorista e visa desradicalizar os uigures, após uma série de atentados no início da década passada. Pequim chama de instituições de profissionalização e "reeducação" as instalações em que milhares de integrantes da comunidade uigur têm sido internados, tal como documentado por organizações de direitos humanos.

As sanções anunciadas pela China foram recebidas com tréplicas na Europa: os governos da Holanda e da França convocaram os embaixadores chineses em seus países, enquanto o Parlamento Europeu, apoiado por chanceleres do bloco, emitiu uma nota de repúdio.

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