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Europa apresenta no G20 plano anticrise que EUA julgam convincente

Arsenal de medidas apresentado aos ministros para combater a crise na Europa foi bem recebido em Paris

Merkel pediu na véspera a introdução de uma taxa sobre as transações financeiras (Franziska Kraufmann/AFP)

Merkel pediu na véspera a introdução de uma taxa sobre as transações financeiras (Franziska Kraufmann/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2011 às 16h06.

Paris - A Europa apresentou neste sábado aos ministros do G20 reunidos em Paris um arsenal de medidas anticrise que aprovará no dia 23 de outubro, julgadas convincentes pelos Estados Unidos, que pressionavam o Velho Continente para que atuasse com determinação diante do risco de propagação da crise.

A crise, que tem seu epicentro em países da Zona Euro - com a Grécia à beira de um default - já começou a afetar os países emergentes, advertiu a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.

E os ajustes implementados para combatê-la enfrentam uma crescente onda de agitação social, que neste sábado levou às ruas milhares de "indignados" em dezenas de países, e que terminou com violentos incidentes em Roma.

Na reunião do G20, a União Europeia (UE) apresentou medidas que podem acalmar a ansiedade dos mercados e de seus sócios e prometeu aprová-las em sua cúpula de 23 de outubro em Bruxelas.

"Os resultados da cúpula de 23 de outubro serão decisivos", afirmou o ministro francês das Finanças, François Baroin.

A ministra espanhola da Economia, Elena Salgado, confirmou que os países europeus se comprometeram "a terminar a tarefa no dia 23 de outubro" e adiantou que o plano deve ser aprovado "sobre uma base integral".

O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, considerou que o plano contém elementos convincentes.

"Ouvimos nossos colegas europeus em Paris dizer coisas encorajadoras sobre um novo plano global para enfrentar a crise no continente", afirmou Geithner em um comunicado emitido no fim da reunião.

Este plano servirá de barreira para a crise e irá garantir que "os governos europeus possam ter acesso ao crédito a taxas sustentáveis enquanto prosseguem com suas reformas", irá garantir também "uma recapitalização mais ampla dos bancos, um apoio maior a um programa sustentável na Grécia e (dará) passos em direção a uma união fiscal", revelou.

"Este plano contém os elementos adequados", insistiu.


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, teve a mesma opinião, e assegurou ao término da reunião que "começamos a ver a luz no fim do túnel".Mantega alertou, no entanto, que há alguns "conflitos", em particular em relação à recapitalização dos bancos, já que eles, que perderam 40% de seu valor de mercado nos últimos meses, estão em situação "desfavorável".

Outro ponto problemático é o percentual de redução da dívida grega detida pelo setor privado, que no dia 21 de julho ficou fixado em 21%, mas que, segundo diversos especialistas, pode chegar aos 50%.

Lagarde advertiu que a crise dos países ricos "está afetando igualmente os países emergentes" e defendeu a necessidade de reforçar o capital dos bancos europeus para evitar uma seca de créditos.

A questão de um eventual aumento dos recursos do FMI para enfrentar a crise, rejeitado pelos Estados Unidos e por outros países, ficou à espera de definição até a cúpula do G20, nos dias 3 e 4 de novembro em Cannes.

O comunicado final da reunião ministerial afirma: "nos comprometemos a assegurar que o FMI disporá dos recursos adequados para assumir suas responsabilidades sistêmicas e esperamos com interesse as discussões sobre este tema em Cannes".

Geithner reiterou sua posição: "o FMI dispõe de um arsenal de recursos financeiros e apoiaríamos um uso mais amplo dos recursos existentes como complemento de uma estratégia europeia global e bem desenhada, junto a uma maior participação dos recursos europeus", indicou.

Na cúpula de 23 de outubro em Bruxelas, a Zona Euro (formada por 17 dos 27 países da UE) deve concluir um plano confiável que passe pela garantia da solvência da dívida grega, pela recapitalização dos bancos em dificuldades com exposição às dívidas soberanas e pelo aumento do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef) para 440 bilhões de euros, após um longo processo de ratificação que durou quase três meses.

Mas inclusive esse montante seria insuficiente caso fosse preciso ajudar países como Itália e Espanha, com uma dimensão econômica muito maior que a de Grécia, Portugal e Irlanda, os três países que já utilizaram planos de resgate para se salvar da quebra.

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