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EUA reúnem seus aliados sob a pressão dos atentados

"Todos devemos fazer mais", ressaltou o secretário de Defesa americano, Ashton Carter


	Ashton Carter: "todos devemos fazer mais", ressaltou o secretário de Defesa americano
 (Reuters / Jonathan Brady)

Ashton Carter: "todos devemos fazer mais", ressaltou o secretário de Defesa americano (Reuters / Jonathan Brady)

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Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2016 às 21h09.

Após dois anos de luta contra o Estado Islâmico (EI), teve início nesta quarta-feira na Base Aérea de Andrews, em Washington, uma reunião dos membros da coalizão militar internacional para discutir o curso da guerra, enquanto o grupo extremista intensifica seus ataques pelo mundo.

Embora o EI tenha perdido terreno no Iraque e na Síria, reivindicou nas últimas semanas atentados mortais em Nice, Istambul, Bagdá e Daca, que deixaram centenas de mortos e feridos.

E na Líbia, a morte de três soldados franceses das forças especiais em missão "contra o terrorismo", ajuda a recordar que o EI também está ativo neste país do norte da África.

Estes ataques serão, "obviamente, a maior preocupação das discussões", declarou Brett McGurk, representante especial do presidente americano, Barack Obama, na coalizão.

"Todos devemos fazer mais", ressaltou o secretário de Defesa americano, Ashton Carter, diante de dezenas de contrapartes estrangeiros, incluindo o francês Jean-Yves Le Drian, reunidos na Base Aérea de Andrews, nos subúrbios da capital federal.

"Devemos assegurar que as forças iraquianas e os grupo sírios aliados da coalizão tenham o necessário para vencer a batalha" contra o extremismo, e para "reconstruir e governar seus territórios", insistiu o chefe do Pentágono.

Ecoando declarações do primeiro-ministro francês, Manuel Valls, que previu "outros ataques" e "outros mortos inocentes", McGurk também advertiu durante uma teleconferência que "ninguém pode dizer que esses ataques vão parar".

"Infelizmente, acredito que haverá outros", lamentou o diplomata americano.

McGurk estimou que a coalizão, que já realizou cerca de 14.000 incursões aéreas contra o EI, "tem sido bem sucedida no terreno". Mas reconheceu que "ainda há muito trabalho" para desmantelar as redes de extremistas islâmicas no mundo.

O EI não está acabado

Segundo o especialista Michael Weiss, "o EI foi golpeado, mas não está acabado". A organização extremista "perdeu a sua capacidade de manter grandes extensões de território, mas não perdeu sua capacidade de realizar ataques (...) oportunistas", resumiu o especialista do Conselho do Atlântico em Washington.

De acordo com Washington, o EI perdeu no Iraque e na Síria, respectivamente, cerca de 50% e entre 20% e 30% dos territórios que havia conquistado em 2014.

No Iraque, após a reconquista da fortaleza sunita de Fallujah pelas forças iraquianas, a coalizão pretende expulsar os combatentes islâmicos da grande cidade do norte, Mossul.

"Vamos reforçar os recursos da coalizão", disse Valls na terça-feira em Paris. O porta-voz americano da coalizão, Peter Cook, também afirmou que "haverá um esforço para acelerar" a ação contra o EI.

Mas Michael Weiss duvida que Mossul e Raqa, a "capital" do califado autoproclamado na Síria, serão "recuperadas" antes de Obama concluir seu mandato, em janeiro.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede em Londres, afirmou na terça-feira que cerca de 60 civis, incluindo várias crianças, foram mortas na Síria durante operações da coalizão perto de uma localidade controlada pelo EI na província de Aleppo.

Carter prometeu nesta quarta-feira que haverá "transparência" sobre as vítimas civis produto dos bombardeios contra os extremistas, que as acusações serão investigadas e que a coalizão fará o possível para proteger os cidadãos.

A ONG Airwars, baseada em Londres, estima que 14.000 bombardeios da coalizão desde agosto de 2014 mataram ao menos 1.422 civis.

Enquanto isso, a guerra na Síria deixou até agora 280.000 mortos e milhões de refugiados e deslocados.

Dois bilhões de dólares para o Iraque

O chefe da diplomacia americana, John Kerry, acaba de voltar de Moscou, onde acordou com as autoridades russas intensificar a cooperação entre as duas potências para tentar salvar a trégua e combater os extremistas.

A coalizão também discutirá a era pós-EI. Particularmente no Iraque, que nesta quarta-feira será o tema da conferência de doadores.

Estados Unidos, Japão, Canadá, Alemanha, Holanda e Kuwait esperam arrecadar 2 bilhões de dólares dos doadores, de acordo com diplomatas dos Estados Unidos.

Bagdá precisa de dinheiro para permitir que os refugiados retornem para as áreas reconquistadas e para reconstruir o país.

"É hora de ajudar o Iraque para a era pós-libertação", declarou seu ministro das Relações Exteriores, Ibrahim al-Jaafari, que evocou o espírito do plano Marshall em Washington.

As forças iraquianas retomaram Fallujah e avançam no vale do Tigre, em direção a Mossul.

Elas recuperaram recentemente a base aérea de Qayyarah, cerca de 60 km ao sul da cidade, que será um "trampolim vital" para a ofensiva contra Mossul, de acordo com militares americanos.

Washington também anunciou que vai enviar mais centenas de soldados ao Iraque para ajudar o Exército local a recuperar Mossul.

Os Estados Unidos somarão, então, mais de 4.600 soldados no território iraquiano, de onde tinha retirado 140.000 soldados até o final de 2011.

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