EUA querem investigação do papel da BP na libertação de terrorista
Nova York - Senadores e parentes de vítimas do atentado de Lockerbie, exigiram nesta segunda-feira, em Nova York, toda a verdade sobre o papel da companhia de petróleo britânica BP na libertação do terrorista líbio Abdelaset al Megrahi, condenado na Escócia por participação na explosão do avião da Pan Am, em 1988. "Estamos pressionando muito […]
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2010 às 19h44.
Nova York - Senadores e parentes de vítimas do atentado de Lockerbie, exigiram nesta segunda-feira, em Nova York, toda a verdade sobre o papel da companhia de petróleo britânica BP na libertação do terrorista líbio Abdelaset al Megrahi, condenado na Escócia por participação na explosão do avião da Pan Am, em 1988.
"Estamos pressionando muito para que haja transparência dos fatos", disse em entrevista à imprensa Kirsten Gillibrand, senadora democrata de Nova York. "Queremos saber se o que aconteceu foi parte de um acordo por petróleo", acrescentou.
Abdelaset al Megrahi, de 58 anos, libertado em 2009 pela justiça escocesa, era a única pessoa condenada pelo atentado a bomba contra um Boeing 747 da companhia aérea americana Pan Am, em 1988, que explodiu sobre a cidade escocesa de Lockerbie e deixou 270 mortos, sendo a maioria americanos.
O Senado dos Estados Unidos realizará uma audiência nesta semana presidida pelo senador Robert Menéndez (democrata, Nova Jersey), para investigar as condições da libertação de Megrahi sob a alegação de um presumível câncer terminal.
"Queremos saber que provas foram apresentadas de que estava para morrer", disse Gillibrand. No momento de sua libertação, há quase um ano, as autoridades britânicas asseguraram que só restavam a ele três meses de vida.
A BP é acusada de ter exercido pressões sobre a Escócia para conseguir a libertação de Megrahi, em troca de um contrato de exploração de hidrocarbonetos em frente ao litoral da Líbia.
O caso Lockerbie voltou à opinião pública americana depois da imensa mancha de óleo causada pela explosão, no Golfo do México, em abril, de uma plataforma de petróleo explorada pelo grupo britânico BP.
Durante a coletiva, realizada na Times Square por ter sido o local alvo do último atentado, embora fracassado, contra os Estados Unidos, Bob Menéndez disse que as perfurações petroleira em frente à costa líbia começará em duas semanas e, por isso, faz-se necessário acelerar a investigação.
Menéndez criticou que as autoridades britânicas envolvidas na decisão de libertar Megrahi não tenham aceitado assistir à audiência nos Estados Unidos e disse que o presidente da BP, Tony Hayward, também deveria apresentar-se, apesar de sua propagada iminente renúncia.
"Um novo presidente não seria útil, Tony Hayward é a pessoa", insistiu Menéndez.
Para fundamentar suas suspeitas de que se trata de um acerto em troca de petróleo, Menendez divulgou a carta de um legislador inglês, David Trefgarne, membro da Câmara Alta e presidente do Conselho Empresarial Líbio-britânico, enviada em 17 dde julho de 2009 ao secretário de Justiça escocês, Kenny MacAskill.
Na carta, Trefgarne pede que favoreça rapidamente a libertação de Megrahi por motivos de saúde para evitar "a sombra que, de outra forma, poderia ofuscar as relações entre Grã-Bretanha e Líbia", inclusive as comerciais.
Menéndez disse, ainda, que em seu momento, a BP contratou os serviços de Mark Allen, agente aposentado do MI6, para agir a favor da libertação, e também reivindicou sua presença na audiência do Senado.
"Se há algo que devemos saber, vamos acabar sabendo", disse Eileen Walsh, americana cujo pai e os irmãos morreram no atentado.
Outro familiar, Brian Flynn, que perdeu um irmão, acusou a Grã-Bretanha de ter traído os Estados Unidos.
"Supõe-se que sejam nossos aliados mais fortes na guerra contra o terrorismo e nos traíram", afirmou.