Mundo

EUA prometem US$ 2 bilhões à ONU para ajuda humanitária em 2026

Do apelo de US$ 45 bilhões em 2025, a Organização recebeu apenas US$ 12 bilhões, o menor montante em dez anos

Promessa de US$ 2 bilhões dos EUA para 2026 fica abaixo dos aportes recentes e pressiona a ONU (Foto por JOE RAEDLE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP)

Promessa de US$ 2 bilhões dos EUA para 2026 fica abaixo dos aportes recentes e pressiona a ONU (Foto por JOE RAEDLE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP)

Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 15h14.

Os Estados Unidos prometeram nesta segunda-feira, 29, US$ 2 bilhões (R$ 11,08 bilhões) para a ajuda humanitária da ONU em 2026 — um valor bem inferior ao destinado nos últimos anos, em meio aos cortes drásticos na assistência externa determinados pelo presidente Donald Trump.

A informação, divulgada inicialmente por outros meios, foi confirmada por um funcionário do Departamento de Estado à AFP. O anúncio deve ser oficializado ainda hoje em uma coletiva da representação americana em Genebra, com a presença do chefe das operações humanitárias da ONU, Tom Fletcher.

Em 2025, o apelo humanitário da ONU, superior a US$ 45 bilhões (R$ 249 bilhões), recebeu pouco mais de US$ 12 bilhões (R$ 66 bilhões), o menor volume de recursos em uma década. Segundo as Nações Unidas, esse montante permitiu atender 98 milhões de pessoas — 25 milhões a menos do que no ano anterior.

Gaza, Ucrânia e Sudão: relembre 3 guerras que marcaram 2025

No início de dezembro, ao lançar o apelo para 2026, a ONU criticou a "apatia" da comunidade internacional diante do sofrimento de milhões de pessoas. Atualmente, cerca de 240 milhões precisam de ajuda urgente em razão de conflitos, epidemias, desastres naturais e dos impactos das mudanças climáticas.

Para 2026, a ONU estima a necessidade de US$ 33 bilhões (R$ 182 bilhões) para apoiar 135 milhões de pessoas em países como Gaza, Sudão, Haiti, Mianmar, República Democrática do Congo e Ucrânia.

Diante da escassez de recursos, porém, Fletcher apresentou um plano ajustado, que reduz o pedido para US$ 23 bilhões (R$ 127 bilhões) e prioriza o atendimento de ao menos 87 milhões das pessoas em situação mais crítica.

Classificado como "hiperpriorizado", o plano prevê reformas para aumentar a eficiência do sistema humanitário. Segundo Fletcher, ele se baseia em "decisões insustentáveis de vida ou morte" e busca pressionar grandes doadores, especialmente os Estados Unidos, a ampliar suas contribuições.

ONU critica apatia global e prevê campanha humanitária menor em 2026

Apesar da retração, os EUA permaneceram em 2025 como o maior doador individual de programas humanitários da ONU, com US$ 2,7 bilhões (R$ 14,95 bilhões), uma queda expressiva frente aos US$ 11 bilhões (R$ 60 bilhões) aportados em 2024.

Entre as principais prioridades da ONU para 2026 estão Gaza e Cisjordânia, que demandam US$ 4,1 bilhões (R$ 22,7 bilhões) para atender cerca de 3 milhões de pessoas, e o Sudão, com necessidade estimada em US$ 2,9 bilhões (R$ 16 bilhões) para apoiar 20 milhões de pessoas.

Secretário-geral da ONU critica investimentos em guerras

A ONU entrou em 2026 alertando para um cenário global de caos, violência e divisão, em meio à queda histórica do financiamento humanitário.

Em mensagem de Ano Novo, o secretário-geral António Guterres cobrou seriedade dos líderes mundiais e criticou o aumento dos gastos militares, enquanto os recursos para ajuda ao desenvolvimento atingem o menor nível da última década após cortes liderados pelos Estados Unidos.

"Ao entrar no novo ano, o mundo se encontra em uma encruzilhada. O caos e a incerteza nos cercam. Divisão. Violência. Colapso climático. E violações sistemáticas do direito internacional. [...] Faço um apelo aos líderes de todo o mundo: sejam sérios. Escolham as pessoas e o planeta acima da dor", disse Guterres.

O secretário-geral, que deixará o cargo em 2026, complementou: "Neste novo ano, vamos colocar as prioridades em ordem. Um mundo mais seguro começa investindo mais no combate à pobreza e menos em guerras. A paz deve prevalecer."

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)ONU

Mais de Mundo

Rússia ameaça rever negociações e acusa Ucrânia de ataque a casa de Putin

EUA ofereceram 15 anos de garantias de segurança à Ucrânia, diz Zelensky

Lei marcial na Ucrânia só acaba com garantias e fim da guerra, diz Zelensky

Kremlin concorda que as negociações com a Ucrânia estão em sua fase final