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EUA pedem medidas severas após Irã retomar enriquecimento de urânio

Aumento da produção de urânio enriquecido ocorreu após o fim o prazo dado aos integrantes do acordo de 2015 para ajudar o Irã

EUA: governo Trump deixou o acordo nuclear aplicou sanções contra o Irã (Carlos Barria/File Photo/Reuters)
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AFP

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 16h26.

O Irã retomou nesta quinta-feira o enriquecimento de urânio na usina subterrânea de Fordo, como havia anunciado na terça-feira, uma decisão que representa uma redução adicional dos compromissos assumidos pelo país no acordo de 2015 sobre seu programa nuclear, contra a qual Washington pediu "medidas severas".

"Nos primeiros minutos de quinta-feira a produção e coleta de urânio enriquecido começou nas instalações de Fordo", 180 km ao sul de Teerã, informa um comunicado da Organização Iraniana de Energia Atômica.

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O texto indica que "todas as atividades foram realizadas sob o controle da Agência Internacional de Energia Atômica" (AIEA), a organização da ONU responsável pelo controle do programa nuclear iraniana.

O porta-voz da agência iraniana, Behruz Kamalvandi, afirmou que a produção de urânio enriquecido em Fordo estaria operacional a partir de meia-noite (17H30 de Brasília, quarta-feira).

A retomada da atividade, até agora congelada em virtude do acordo sobre o programa nuclear iraniano de 2015, que o governo dos Estados Unidos abandonou, foi anunciada na terça-feira pelo presidente Hassan Rohani.

Em Washington, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, reagiu com um pedido de "medidas severas".

"Agora é o momento de que todas as nações rejeitem a extorsão nuclear deste regime e tomem medidas severas para aumentar a pressão", afirmou em um comunicado.

Na segunda-feira chegou ao fim o prazo que o Irã havia estabelecido para que os países que ainda integram o acordo de 2015 (China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) ajudassem Teerã a superar as consequências da retirada dos Estados Unidos do pacto em 2018.

A medida é a quarta fase do plano de redução dos compromissos iranianos na área nuclear, iniciado em maio como resposta à decisão de Washington de abandonar o texto.

Desta maneira, o Irã pretende pressionar as outras partes signatárias a ajudar o país a evitar as sanções econômicas americanas, que provocaram a recessão da economia iraniana.

Com o acordo assinado há quatro anos em Viena, Teerã aceitou reduzir drasticamente suas atividades nucleares, para assegurar apenas objetivos civis, em troca da retirada parcial das sanções econômicas que asfixiavam sua economia.

Preocupações

O acordo de 2015 proíbe que a República Islâmica enriqueça urânio em Fordo, uma usina subterrânea que permaneceu secreta durante anos.

Teerã afirma que deseja a manutenção do acordo e que está disposto a voltar a cumprir totalmente as condições do texto, mas pede às demais partes que cumpram seus compromissos, em particular permitindo a exportação de petróleo.

A Rússia afirmou que observa com preocupação o desenvolvimento da situação, enquanto França, Reino Unido, Alemanha e União Europeia (UE) pediram ao Irã que mudasse de ideia.

Em Pequim, o presidente francês Emmanuel Macron afirmou na quarta-feira que o Irã decidiu "sair da estrutura do acordo pela primeira vez de maneira explícita e não limitada".

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, declarou que anúncio do presidente Rohani "não é aceitável".

De modo paralelo, o governo iraniano anunciou nesta quinta-feira a retirada da credencial de uma inspetora da ONU após um incidente na semana passada, durante uma operação de controle na entrada do centro de enriquecimento de Natanz.

"A passagem da inspetora da AIEA durante o controle ativou um alarme, o que provocou a suspeita de que carregava um produto suspeito", afirmou a agência nuclear iraniana em um comunicado.

A entrada da inspetora nas instalações foi proibida. Ela deixou o Irã com destino a Viena, segundo a agência iraniana, que não informou a nacionalidade da pessoa nem a data de saída.

AIEA criticou a atitude do Irã em relação a sua inspetora como "inaceitável".

"Impedir que um inspetor saia do país, principalmente quando recebeu instruções a esse respeito, é inaceitável e não deve ocorrer", afirmou o diretor-geral da AIEA, Cornel Feruta, em comunicado.

A AIEA indicou que não poderia fornecer detalhes sobre o incidente, mas "com base nas informações disponíveis, a Organização não concorda com a caracterização do Irã da situação do inspetor, que estava cumprindo sua missão oficial".

O embaixador do Irã ante a AIEA, Kazem Gharib Abadi, desmentiu que a inspetora tenha sido detida e assegurou que ela deixou o país, apesar das investigações em curso sobre o incidente.

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