Farc: os EUA voltam a acusar o governo Maduro de manter um "ambiente permissivo" para grupos terroristas (Jaime Saldarriaga/Reuters)
EFE
Publicado em 19 de julho de 2017 às 15h51.
Washington - Os Estados Unidos excluíram de seu relatório anual sobre terrorismo no mundo, divulgado nesta quarta-feira, uma referência que era feita há muitos anos às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e ao Exército de Libertação Nacional (ELN) como principais ameaças na América Latina.
No capítulo sobre a região foi excluída uma frase que fez parte, com pequenas variações, dos relatórios publicados pelo Departamento de Estado dos EUA há pelo menos uma década.
Ela fazia referência às Farc e ao ELN como "a principal ameaça terrorista na Hidrosfera Ocidental". Apesar da exclusão, os grupos seguem incluídos na lista de organizações terroristas dos EUA.
O relatório do Departamento de Estado também volta a incluir a Colômbia, ao lado da Venezuela, na relação de países que representam um "refúgio" para os terroristas.
Mas o documento diminui o alerta sobre as guerrilhas colombianas. A mudança se deve, em parte, à aprovação no ano passado de um acordo de paz entre o governo do país e as Farc, e ao início das negociações para firmar um pacto similar com o ELN.
"A Colômbia experimentou uma queda significativa na atividade terrorista em 2016, segundo estatísticas do Ministério da Defesa, devido em boa parte ao cessar fogo-bilateral entre as forças do governo e as Farc", indicou o relatório.
Desde agosto de 2016, segundo o documento, só houve um confronto letal entre os guerrilheiros das Farc e homens do governo. Também foi reduzido o número de civis mortos pelo conflito, assim como o número de membros das Farc e do ELN que foram mortos em combate, capturados ou que se desmobilizaram dos grupos.
A ameaça das Farc também foi reduzida no Panamá, onde nos últimos anos a guerrilha colombiana usava a província de Darien, no sul do país, como base de operações, ponto de descanso e recuperação, além de zona de rearmamento, de acordo com o relatório.
"Com apoio americano, as autoridades panamenhas eliminaram substancialmente a capacidade das Farc de operar em Darien. A conclusão do processo de paz na Colômbia diminuiu ainda mais a ameaça da guerrilha no país", explica o documento.
Quanto à Venezuela, o Departamento de Estado volta a acusar o governo de Nicolás Maduro de manter um "ambiente permissivo que tolera e apoia atividades que beneficiam grupos terroristas".
Os EUA afirmam que a Venezuela segue abrigando indivíduos ligados às Farc, ao grupo terrorista espanhol ETA e também simpatizantes da milícia libanesa Hezbollah.
"Pelo 11º ano consecutivo, Caracas não cooperou adequadamente com os esforços antiterroristas dos EUA", disse o documento.
O relatório lamenta que o governo da Venezuela não tenha tomado nenhuma ação contra os funcionários do alto escalão do Executivo que foram punidos pelo Tesouro dos EUA por darem "assistência material" ou apoio de qualquer outro tipo às Farc.
Em termos gerais, o relatório indica que há na América Latina e no Caribe "vulnerabilidades" como "fronteiras porosas, capacidades limitadas para aplicar a lei e rotas estabelecidas de tráfico de pessoas e drogas, que oferecem oportunidades para grupos terroristas locais e internacionais".
"A corrupção, as instituições de governos frágeis, a cooperação insuficiente entre agências, uma legislação débil ou inexistente, e a falta de recursos seguem sendo as principais causas da falta de vontade política significativa para combater o terrorismo em alguns países do continente", indicou o relatório.
O Departamento de Estado, no entanto, destaca avanços significativos do Brasil e Trinidad e Tobago nos esforços contra o terrorismo na região.