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EUA e Turquia divergem sobre ofensiva contra curdos em Afrin

De acordo com a Casa Branca, Trump "pediu que a Turquia reduza e limite suas ações militares"

Soldado da Turquia: Washington se apoia nas YPG para lutar contra o grupo Estado Islâmico (Osman Orsal/Reuters)

Soldado da Turquia: Washington se apoia nas YPG para lutar contra o grupo Estado Islâmico (Osman Orsal/Reuters)

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AFP

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 15h36.

Os desacordos entre americanos e turcos vieram à tona nesta quinta-feira sobre a ofensiva turca na Síria contra uma milícia curda apadrinhada por Washington, mas que a Turquia quer expulsar de sua fronteira.

Desde o início da ofensiva, em 20 de janeiro, Washington se absteve de condenar Ancara, limitando-se a pedir contenção. Mas uma conversa telefônica na noite de quarta-feira entre os presidentes Donald Trump e Recep Tayyip Erdogan marcou uma mudança de tom.

De acordo com a Casa Branca, Trump "pediu que a Turquia reduza e limite suas ações militares" e que evite "qualquer ação que possa provocar um confronto entre as forças turcas e americanas".

Trump também insistiu, de acordo com a Casa Branca, que "os dois países devem concentrar seus esforços (...) na derrota do EI".

Mas Ancara não parece concordar com esta versão, dizendo que não refletiria o conteúdo da conversa.

"O presidente Trump não expressou preocupação (sobre) a violência crescente" em Afrin, mas evocou "a necessidade de limitar a duração da operação turca", de acordo com fontes oficiais turcas.

O chefe da diplomacia turca, Mevlüt Cavusoglu, afirmou que a declaração da Casa Branca foi feita antes da conversa por telefone. "É por essa razão que há uma declaração que não reflete totalmente a realidade", indicou.

"Ameaça à segurança turca"

Esta situação ilustra as diferenças entre os dois países em relação às Unidades de Proteção do Povo (YPG), a milícia curda alvo da ofensiva em Afrin.

Ligadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que trava um conflito de guerrilha contra a Turquia desde 1984, as YPG são consideradas uma organização "terrorista" pela Turquia, que quer expulsá-las de Afrin e eventualmente de todos os territórios que controlam no norte da Síria ao longo da fronteira turca.

"A presença das YPG (...) é equivalente à do PKK, é assim que a Turquia vê a situação. Onde quer que estejam, as YPGs são consideradas uma ameaça à segurança turca", declarou Ilnur Cevik, um assessor do presidente Erdogan, na terça-feira à AFP.

Mas Washington se apoia nas YPG para lutar contra o grupo Estado Islâmico (EI) e não pretende abandoná-las neste momento em que os jihadistas estão sendo derrotados.

As YPG aproveitaram sua aliança com Washington para ampliar o controle sobre vastos territórios no norte da Síria, de onde os jihadistas foram expulsos.

Ancara conta com o apoio de vários grupos rebeldes sírios, principalmente do movimento islâmico, que acusam as milícias curdas de procurarem dividir a Síria estabelecendo sua própria entidade no norte do país.

"Restabelecer a confiança"

Cavusoglu afirmou, por sua vez, que o americana Rex Tillerson propôs estabelecer uma "faixa de segurança" ao longo da fronteira sírio-turca de 10 km de profundidade, com a possibilidade de expandi-la para 30 km.

"Mas para poder discutir sinceramente com os Estados Unidos um assunto sério, como esta faixa de segurança ou outra coisa, primeiro precisamos restabelecer a confiança", disse Cavusoglu.

A ofensiva turca está em seu sexto dia, ao mesmo tempo que uma nova rodada de discussões de paz sobre a Síria começou nesta quinta-feira em Viena.

Neste contexto, Berlim pediu à Otan que abra discussões sobre a operação turca. Desde sábado, mais de 90 combatentes das YPG e dos grupos rebeldes pró-turcos foram mortos, bem como 30 civis, a maioria deles em bombardeios turcos, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

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