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EUA e Rússia não alcançam acordo em diálogo sobre a Ucrânia

John Kerry e Sergei Lavrov se reuniram nesta sexta em Londres para tentar encontrar soluções para a crise na Ucrânia, mas a conversa terminou sem avanços


	Ministro das Relações Exteriores: Serguei Lavrov: disse que a Crimeia, enclave estratégico na margem do Mar Negro, é "mais importante" para a Rússia do que as Malvinas para o Reino Unido (AFP)

Ministro das Relações Exteriores: Serguei Lavrov: disse que a Crimeia, enclave estratégico na margem do Mar Negro, é "mais importante" para a Rússia do que as Malvinas para o Reino Unido (AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2014 às 17h02.

Londres - Os responsáveis da diplomacia dos Estados Unidos, John Kerry, e da Rússia, Sergei Lavrov, se reuniram nesta sexta-feira em Londres para tentar encontrar soluções para a crise na Ucrânia, mas a conversa terminou sem avanços.

Kerry manteve suas advertências sobre novas sanções se a Rússia decidir a anexação da Crimeia após o referendo previsto para domingo, enquanto o ministro russo das Relações Exteriores insistiu que seu país respeitará a decisão que sair desse referendo.

O governo do presidente russo, Vladimir Putin, não tem intenção de tomar novas decisões estratégicas até depois da votação na república autônoma ucraniana, segundo disse Lavrov a seu colega americano, que se mostrou "profundamente preocupado" pelo desdobramento de tropas russas na zona.

A Crimeia é um enclave estratégico na margem do Mar Negro que fez parte da Rússia até 1954 e que, segundo sustentou Lavrov em entrevista coletiva posterior ao encontro, é "mais importante" para seu país do que as Malvinas para o Reino Unido.

Ambos diplomatas mantiveram um diálogo de seis horas na residência do embaixador americano em Londres, uma reunião durante a qual eles foram vistos passeando pelos jardins da casa, nas imediações da cêntrico Regent"s Park.

Após o longo encontro, o secretário de Estado americano afirmou que pôs sobre a mesa diversas opções que na sua opinião conciliariam os interesses da Rússia na região com a possibilidade da Ucrânia manter sua integridade territorial.

Nesse sentido, Kerry sustentou que Moscou pode apoiar uma maior autonomia da Crimeia dentro da Ucrânia, o que na sua opinião respeitaria a vontade dos cidadãos da região autônoma, um território de maioria russa, ao mesmo tempo em que cumpriria com as leis internacionais.

O chefe da diplomacia americana lembrou que o primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, afirmou durante a recente visita que fez a Washington nesta semana que seu Executivo está "preparado para dar autonomia adicional à região da Crimeia", o que "não suporia uma ameaça para a integridade territorial do país mas, ao contrário, poderia reforçá-la", disse Kerry.


Como fez nos últimos dias, o secretário de Estado voltou a sustentar que o referendo sobre a independência da Crimeia é "ilegal", dado que não foi apoiado pelo parlamento de Kiev, e que a comunidade internacional não reconhecerá como legítima uma eventual separação da região.

"Se forem tomadas decisões incorretas, não haverá mais opção do que responder adequadamente à gravidade que suporia essa ruptura da lei internacional", disse Kerry.

Kerry também afirmou que há "muita gente com a atenção voltada" na situação na Ucrânia e que o referendo na Crimeia poderia ser "uma má lição".

A tensão que o desdobramento de forças russas na Crimeia e na fronteira com o sudeste da Ucrânia criou foi outro dos assuntos que centrou a conversa entre os ministros.

Kerry pediu a Lavrov que a Rússia retire as tropas enquanto são mantidos os contatos diplomáticos, mas o chefe da diplomacia russa se limitou a assegurar que seu país não tem planejada nenhuma "incursão militar no leste da Ucrânia".

"Neste momento, dado o clima que foi criado, necessitamos que a Rússia clarifique como está procedendo com respeito a essas tropas e esses exercícios" militares, assinalou Kerry.

Lavrov, por sua parte, opinou que o papel que a comunidade internacional deveria ter neste momento é apoiar uma imediata reforma constitucional na Ucrânia.

John Kerry insistiu que as possíveis sanções não são uma "ameaça" contra a Rússia, mas uma "consequência" das decisões tomadas por Moscou, e admitiu que essas medidas poderiam ter um "impacto" na economia russa. 

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