Mundo

EUA dizem que Venezuela cometeu "grande erro" ao deter assessor de Guaidó

Serviço de inteligência venezuelano prendeu o chefe de gabinete do líder opositor e presidente autodeclarado

Guaidó: líder opositor se declarou presidente e obteve apoio de diversos países (Ivan Alvarado/Reuters)

Guaidó: líder opositor se declarou presidente e obteve apoio de diversos países (Ivan Alvarado/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 21 de março de 2019 às 17h25.

Caracas - O líder opositor venezuelano Juan Guaidó disse nesta quinta-feira que agentes de inteligência detiveram seu chefe de gabinete durante uma operação de madrugada, medida do presidente Nicolás Maduro que o governo Trump disse que "não ficará sem resposta".

Em janeiro Guaidó invocou a Constituição para assumir uma presidência interina, argumentando que a reeleição de Nicolás Maduro em 2018 foi uma fraude. Ele foi reconhecido pelos Estados Unidos e por dezenas de nações ocidentais como o líder legítimo do país.

Maduro, responsável por um colapso dramático na economia do país membro da Opep, qualificou Guaidó como um fantoche dos EUA e disse que ele deveria "enfrentar a justiça", mas não ordenou explicitamente sua prisão.

John Bolton, assessor de Segurança Nacional do presidente norte-americano, Donald Trump, pediu a libertação imediata de Roberto Marrero. "Maduro cometeu mais um grande erro", disse Bolton no Twitter.

Mais cedo nesta quinta-feira o secretário de Estado, Mike Pompeo, havia dito que "responsabilizaremos os envolvidos".

Autoridades de alto escalão dos EUA alertaram Maduro diversas vezes a não tocar em Guaidó e seu círculo próximo, mas não está claro o que mais podem fazer.

Elas ameaçaram impor sanções mais rígidas com o objetivo de isolar ainda mais Maduro e cortar as fontes de renda de seu governo, mas os custos humanitários e políticos de novas medidas de grande abrangência podem ser altos - milhões de venezuelanos já sofrem com a escassez de alimentos e remédios.

Guaidó disse que as operações de agentes do serviço de inteligência Sebin nas residência de Marrero e de outro parlamentar de oposição, Sergio Vergara, mostraram a "fraqueza" de Maduro e que as tentativas de intimidá-lo não minarão a campanha opositora.

"Como não conseguem aprisionar o presidente interino, vão atrás de pessoas mais próximas dele, ameaçam parentes, realizam sequestros", disse Guaidó em uma coletiva de imprensa.

Marrero gravou uma mensagem de voz enquanto os agentes do Sebin tentavam entrar em sua casa em Las Mercedes, bairro de classe alta de Caracas, que a assessoria de imprensa de Guaidó encaminhou aos repórteres.

"Estou em minha casa e o Sebin está aqui. Infelizmente eles vieram me levar. Mantenham a luta, não parem e cuidem (de Guaidó)", disse Marrero.

Vergara, que é vizinho de Marrero, disse que cerca de 40 agentes do Sebin entraram à força nas casas de ambos e passaram três horas em seu interior. O Sebin partiu com Marrero e com o motorista de Vergara, afirmou este último em um vídeo publicado em sua conta de Twitter.

(Reportagem adicional de Corina Pons em Caracas, Susan Heavey em Washington e Hugh Bronstein em Buenos Aires)

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)Juan GuaidóNicolás MaduroVenezuela

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua