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EUA denunciam "limpeza étnica" contra rohingyas em Mianmar

As declarações do chefe da diplomacia americana são as mais fortes condenações de Washington à campanha militar contras os rohingyas

Tillerson: alguns países e organizações humanitárias exigem sanções contra Mianmar (Kevin Lamarque/Reuters)

Tillerson: alguns países e organizações humanitárias exigem sanções contra Mianmar (Kevin Lamarque/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de novembro de 2017 às 17h10.

Os Estados Unidos consideram que a violência que levou mais de 600.000 rohingyas a fugir de Mianmar desde o final de agosto "constitui uma limpeza étnica" contra esta minoria muçulmana, declarou nesta quarta-feira (22) o secretário de Estado Rex Tillerson.

"Os responsáveis por estas atrocidades devem prestar contas", acrescentou em um comunicado, acusando "alguns no exército e nas forças de segurança birmanesas, assim como grupos paramilitares locais". Tillerson visitou Mianmar há uma semana.

"Depois de uma cuidadosa e exaustiva análise dos fatos, está claro que a situação no estado de Rakhine constitui uma limpeza étnica contra os rohingyas", ressaltou Tillerson.

"Nenhuma provocação pode justificar as terríveis atrocidades cometidas", acrescentou.

As declarações do chefe da diplomacia americana são as mais fortes condenações de Washington à campanha militar contras os rohingyas, que desatou uma grave crise de refugiados.

Em menos de três meses, mais da metade da população rohingya no estado de Rakhine, oeste de Mianmar, buscou refúgio no vizinho Bangladesh para fugir de uma campanha de repressão executada pelo exército birmanês.

Os rohingyas são a maior população apátrida do mundo desde que tiveram a nacionalidade birmanesa retirada em 1982, sob o regime militar.

A repressão contra o grupo aumentou a partir de 2012, ano em que um episódio de violência intercomunitária deixou mais de 200 mortos, em sua maioria muçulmanos.

Mianmar restringe o direito dos rohingyas de transitar livremente pelo país. Uma norma estipula que os "estrangeiros", e as "pessoas de raça bengali", um termo pejorativo com o qual os birmaneses designam os rohingyas, precisam de autorizações especiais para o deslocamento de uma cidade a outra.

Desde 2012, em muitas zonas desta região, as crianças desta comunidade não têm o direito de frequentar as escolas estatais, enquanto os professores se negam com frequência a viajar para as áreas de maioria muçulmana.

Desde o início da campanha militar, alguns países e organizações humanitárias exigem sanções contra Mianmar.

Até o momento, os Estados Unidos se limitaram a reforçar algumas medidas punitivas contra o exército birmanês.

Tillerson estimou que as medidas adotadas por Mianmar para acabar com a crise serão fundamentais para determinar o sucesso de sua transição para uma "sociedade mais democrática".

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