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EUA começa corrida eleitoral em meio à pandemia, recessão e protestos

Forte tensão tornou-se o foco da disputa entre o presidente Donald Trump e o democrata Joe Biden, políticos com visões e estratégias diferentes

Donald Trump e Joe Biden: candidatos se enfrentam em novembro (Kevin Lamarque//BIDEN CAMPAIGN/Reuters)

Donald Trump e Joe Biden: candidatos se enfrentam em novembro (Kevin Lamarque//BIDEN CAMPAIGN/Reuters)

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AFP

Publicado em 8 de junho de 2020 às 21h28.

A pandemia de coronavírus, o desespero com a situação econômica e agitação social assolam os Estados Unidos, às vésperas da campanha para as eleições presidenciais de novembro e obrigam à reflexão sobre a desigualdade racial no país.

A forte tensão tornou-se o foco da disputa pela Casa Branca entre o presidente Donald Trump e o democrata Joe Biden, dois políticos com visões e estratégias muito diferentes.

Várias gerações se passaram desde que o país experimentou problemas tão graves ao mesmo tempo, um contexto que o filósofo Cornell West classificou como "o momento em que os Estados Unidos devem ser responsabilizados".

Quase 110.000 americanos morreram de COVID-19 e dezenas de milhões estão desempregados devido à paralisação da economia para atender às medidas de contenção do vírus.

Ao mesmo tempo, dezenas de cidades estão tomadas por distúrbios sociais em meio a protestos que buscam justiça após o assassinato do cidadão negro George Floyd pela polícia de Minneapolis.

"Este é um momento muito ruim", disse Daniel Gillion, professor de Ciência Política da Universidade da Pensilvânia e autor de "The Loud Minority".

A situação é "terrível" para os afro-americanos, que tradicionalmente têm menos acesso a atendimento médico, detêm apenas uma fração da riqueza dominada pelos brancos e são vítimas da brutalidade policial com mais frequência.

Não consigo pensar em um período (moderno) no qual os negros tenham experimentado tanta luta, tanta dor, tanta dificuldade", disse Gillion à AFP.

Enquanto Trump celebrava na sexta-feira uma queda surpreendente na taxa de desemprego, que passou de 14,7% em abril para 13,3% em maio, o desemprego entre os afrodescendentes subiu para 16,8%.

As imagens de um policial ajoelhado no pescoço de Floyd, algemado e deitado no chão por quase nove minutos, são um exemplo claro do racismo sistêmico que afeta os Estados Unidos há gerações.

"Há um joelho no pescoço da América negra desde que a escravidão foi abolida", disse Kayla Peterson, de 30 anos, manifestante de Minneapolis. "Nós nunca fomos realmente livres".

Lei e ordem

Trump chegou a enviar uma mensagem para aliviar as tensões, mas fez um chamadi pela "lei e ordem" que agravou os distúrbios.

O presidente isolou a Casa Branca dos protestos e lançou acusações duras que pouco ajudaram a acalmar a tempestade.

"O problema é que incendiários, saqueadores, criminosos e anarquistas tentam destruí-lo (nosso país)!", tuitou na quinta-feira.

Sua atitude provocativa de caminhar da Casa Branca até uma igreja próxima para ser fotografado com uma Bíblia na mão, após dispersar manifestantes da área, foi um sinal claro para eleitores conservadores e evangélicos: segurança e fé permanecem fundamentais.

Enquanto isso, seu virtual rival democrata, Joe Biden, 77 anos, o chamou de "perigosamente inepto" para governar.

Biden permaneceu isolado por dois meses em sua residência em Delaware devido à pandemia, enquanto Trump manteve sua retórica furiosa para pressionar pela reativação da economia.

O veterano democrata aposta em uma mensagem de conciliação e reforma que poderia unir moderados e liberais de seu partido e atrair os independentes insatisfeitos com o estilo severo de Trump.

Mas especialistas dizem que, apesar do caos recente, Trump pode estar caminhando para a vitória.

Ainda assim, pesquisas demonstram seu desgaste, principalmente entre dois grupos de eleitores vitais para sua reeleição: os idosos e os cristãos evangélicos.

O eleitorado feminino não aceita o fracasso de Trump em tomar medidas precoces para conter a pandemia ou sua ameaça de envio militar para conter os protestos.

As mulheres brancas "estão preocupadas com a maneira como Trump enfrenta a pandemia" e com sua falta de liderança, disse Nadia Brown, professora de Ciência Política e Estudos Afro-Americanos da Universidade Purdue. Elas "têm empatia" com os manifestantes.

As desigualdades persistentes, o desastre econômico e a resposta dos líderes a tudo isso "estarão definitivamente na mente dos eleitores", disse Brown.

Isso também não significa vitória para Biden. "Um gato tem sete vidas, mas Trump tem 12", acrescentou.

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