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EUA: ausência de inflação legitima política monetária do Fed

Inflação teve leve alta de 0,1% após decisão do Fed de injetar US$ 600 bilhões na economia; resultado afasta temor de deflação, diz analista da Barclays Capital

O índice de preços ao consumidor é de 1,1% em relação a novembro de 2009nos EUA (Chris Hondros/Getty Images)

O índice de preços ao consumidor é de 1,1% em relação a novembro de 2009nos EUA (Chris Hondros/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de dezembro de 2010 às 16h33.

Washington - Os preços ao consumidor nos Estados Unidos evoluíram pouco em novembro, atenuando os temores de inflação e sustentando a decisão do Federal Reserve de injetar 600 bilhões de dólares adicionais numa economia que se recupera com lentidão.

O departamento do Trabalho anunciou um aumento do índice de preços de apenas 0,1%. Economistas previam que igualasse o nível de outubro, de 0,2%.

A moderação da inflação deveu-se, em parte, ao custo da energia, que subiu, apenas, 0,2%, o menor aumento desde junho, após alcançar 2,6% em outubro.

"Os preços subiram modestamente como resultado dos números da energia, que neutralizaram o impacto de um aumento maior dos preços dos alimentos. Além disso, a inflação de base finalmente retornou ao território positivo depois de passar três meses zerada", ressaltou Arijit Dutta, da Moody's Analytics.

Em números anuais, o índice de preços ao consumidor subiu 1,1% em relação a novembro de 2009.

Excluindo alimentação e energia, que podem ser muito voláteis de um mês para outro, a chamada inflação de base subiu apenas 0,1%, após permanecer nula por três meses.

Em números anuais, no entanto, alcançou 0,8%.

O aumento dos preços básicos é visto com um sinal bem-vindo de que os riscos de deflação diminuem, segundo analistas.

Arijit Dutta considera que os dados sugerem uma tendência inflacionária mais gradual que o antecipado alguns meses atrás, antes que a reativação se desacelerasse, mas acredita que os preços aumentarão nos próximos meses, aproximando-se de uma faixa mais normal, entre 2,5% e 3,0% até 2012.

Peter Newland, da Barclays Capital, ressaltou que o aumento da taxa de inflação em comparação anual "também deveria reduzir os temores de deflação".

Os números confirmam que a inflação se mantém abaixo do nível desejado pelo Federal Reserve, Fed, que considera extraoficialmente 2% como objetivo de inflação.


O banco central confirmou em sua reunião de terça-feira seu plano de destinar 600 bilhões de dólares à flexibilização quantitativa até junho de 2011 e manter sua taxa básica de juros perto de zero pelo segundo ano consecutivo, com o objetivo de reduzir o alto nível de desemprego e sustentar os preços.

O Fed se preocupa com o fato de que a atual conjuntura de inflação extremamente baixa leve à deflação, uma perigosa espiral de queda de preços e salários da qual é difícil sair.

A analista Inna Mufteeva, da Natixis, alertou sobre um leve aumento do risco de deflação que ameaça a maior economia mundial, devido ao mercado de trabalho afetado, onde o desemprego se mantém próximo de 10%.

"Espera-se que a leve tendência à baixa (da inflação) se mantenha nos próximos meses, já que as pressões de deflação domésticas provenientes do mercado de trabalho persistem", explicou.

"Apesar das perspectivas de crescimento, em geral, mais otimistas de nossas projeções, os temores de deflação seguem predominando sobre os inflacionários a curto e médio prazos, já que a fragilidade dos recursos continua sendo significativa".

As estatísticas sobre salários, anunciadas separadamente pelo departamento de Trabalho, mostram que o salário real por hora baixou 0,1% de outubro para novembro devido ao aumento de 0,1% dos preços ao consumidor.

"Nos últimos seis meses, o salário real médio semanal variou pouco", informou o departamento.

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