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Biden anuncia envio para a Ucrânia de 31 tanques M1 Abrams, o principal modelo do arsenal dos EUA

Decisão acaba com um impasse que já durava semanas sobre o novo pacote de ajuda militar da Otan para o Leste Europeu.

Os tanques americanos não devem se juntar, inicialmente, aos 14 Leopard 2 e aos 14 Challenger 2, do Reino Unido (Anna Moneymaker/Getty Images)

Os tanques americanos não devem se juntar, inicialmente, aos 14 Leopard 2 e aos 14 Challenger 2, do Reino Unido (Anna Moneymaker/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de janeiro de 2023 às 16h15.

Última atualização em 25 de janeiro de 2023 às 16h22.

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou nesta quarta-feira, 25 o envio de 13 tanques M1 Abrams, os principais do arsenal americano, para a Ucrânia, acabando com um impasse que já durava semanas sobre o novo pacote de ajuda militar da Otan para o Leste Europeu. A concordância de Biden em enviar os “pesos-pesados” americanos parece ter sido o ajuste necessário para também garantir a Kiev o envio de 14 tanques Leopard 2, liberados pela Alemanha horas antes, após uma grande resistência de Berlim.

“Os tanques Abrams são os tanques mais capazes do mundo. [Mas] Eles também são complexos de se operar e de se manter”, disse Biden durante um pronunciamento à imprensa na Casa Branca, acrescentando que os EUA também enviarão para os parceiros em Kiev as peças e equipamentos necessários para colocar os tanques em funcionamento.

A expectativa da Ucrânia é de que os tanques ocidentais possam ser empregados imediatamente em combate, porém os tanques americanos não devem se juntar, inicialmente, aos 14 Leopard 2 e aos 14 Challenger 2, do Reino Unido - e às centenas de veículos blindados americanos prometidos na semana passada pelos EUA e por outros aliados europeus. Segundo o anúncio de Biden, isso pode demorar mais do que o esperado.

“A entrega desses tanques ao campo levará tempo - tempo que usaremos para garantir que os ucranianos estejam totalmente preparados para integrar os tanques Abrams em suas defesas”, disse.

Quando a Ucrânia começou a clamar por tanques para manter sua ofensiva contra as forças russas entrincheiradas no leste e no sul do país, Washington já havia alertado que o equipamento não era o ideal para atender às necessidades de Kiev por seu enorme consumo de combustível e alcance limitado - além da longa linha logística e de manutenção necessária.

Um batalhão de 58 tanques, por exemplo, requer dezenas de veículos de apoio e centenas de soldados para mantê-lo funcionando - uma fórmula conhecida nos círculos militares como relação dente-cauda. Isso pode incluir ambulâncias blindadas, veículos de comando, caminhões de manutenção e caminhões para rebocar tanques desativados. Os caminhões transportam combustível, munições, lubrificantes, óleo de motor, fluido hidráulico e peças de reposição extremamente pesadas.

“Tudo o que está associado ao tanque é pesado”, disse ao The Wall Street Journal Dan Grazier, ex-oficial de tanques do Corpo de Fuzileiros Navais. Mesmo com tudo isso, um batalhão de tanques só pode operar por dois ou três dias em campo sem reabastecimento de um batalhão de logística, disse Grazier, que agora é pesquisador do Project on Government Oversight, um think tank apartidário.

Em vez do M1 Abrams, o modelo que vinha sendo apontado como ideal para pronto-emprego na guerra era o alemão Leopard 2, mais fácil de operar pelos soldados ucranianos, movido a diesel e abundante na Europa. A Alemanha, fabricante do modelo e dona da prerrogativa de autorizar ou não o envio das armas, mesmo em posse de países estrangeiros, para um aliado de fora da Otan, relutava em ser a única do bloco a enviar tanques.

Mesmo sem mencionar diretamente uma exigência alemã, o discurso de Biden deixou claro que o envio dos Abrams passou por um entendimento político - muito provavelmente relacionado ao envio dos tanques alemães.

“Os EUA e a Europa estão completamente unidos. Nesta manhã, eu tive uma longa conversa com nossos aliados da Otan: o chanceler alemão, Scholz, o presidente francês, Macron, o primeiro-ministro Sunak e a premiê italiana, Meloni”, afirmou Biden durante o anúncio. “A expectativa por parte da Rússia é de que nós vamos nos separar (...) mas nós estamos completamente unidos”, afirmou Biden.

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