Manifestantes ouvem discursos dos líderes oposicionistas na praça da Independência de Kiev, na Ucrânia (Yannis Behrakis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2014 às 22h45.
Washington - O Departamento de Defesa dos EUA advertiu nesta quinta-feira que suas relações com a Ucrânia poderão ser danificadas caso esse país decida usar as Forças Armadas para reprimir os protestos contra o governo de Viktor Yanukovich.
O porta-voz do Pentágono, o contra-almirante John Kirby, revelou que o secretário de Defesa, Chuck Hagel, tentou ao longo de toda a semana falar com seu colega ucraniano, embora suas chamadas não tenham sido atendidas.
Devido a esta situação "incomum", Kirby aproveitou sua entrevista coletiva de hoje para pedir ao governo de Yanukovich que mantenha suas Forças Armadas nos quartéis e não as utilize para reprimir os protestos no país.
Os confrontos entre as forças de segurança e manifestantes tornaram-se especialmente violentos nos últimos dois dias, nos quais pelo menos 75 pessoas morreram - a maioria por disparos -, segundo números das autoridades sanitárias do país.
"Se as Forças Armadas se envolverem na repressão dos protestos, isso afetará nossa relação de defesa com a Ucrânia", lembrou o porta-voz.
"As informações que recebemos de nosso corpo diplomático em Kiev indicam que as Forças Armadas estão sendo utilizadas nestes momentos apenas para proteger instalações militares, entre elas depósitos de armas e munição, e não estão participando da violência contra manifestantes", assegurou Kirby. "Esperamos que continue sendo assim", acrescentou.
Hoje, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse que teme que a Ucrânia esteja cada vez mais perto de uma guerra civil entre os que apoiam uma maior aproximação com a União Europeia e as regiões mais favoráveis ao contato com a Rússia.
O Parlamento ucraniano aprovou hoje uma resolução para evitar o desdobramento de tropas nos protestos e deter as chamadas operações antiterroristas das forças de segurança, que utilizaram munição real e rifles contra civis.
Ontem, o governo americano anunciou a proibição de emissão de vistos de entrada para 20 funcionários da Ucrânia, os quais foram considerados responsáveis pela violência contra os manifestantes em Kiev.
Essa foi a segunda sanção dos EUA contra o governo ucraniano desde o início dos protestos, já que, no final de janeiro, as autoridades americanas anularam vários vistos concedidos aos ucranianos que estavam envolvidos com o uso da força nos protestos.