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EUA acusam Canadá de "traição" após fiasco do G7

A cúpula do G7 terminou em um fiasco após a virada de Donald Trump contra seus aliados, os quais ameaçou com novas tarifas

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a cúpula do G7 no Canadá: Trump disse que sugeriu aos outros líderes do G7 que todas as barreiras comerciais, incluindo tarifas e subsídios, sejam eliminadas (Christinne Muschi/Reuters)
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AFP

Publicado em 10 de junho de 2018 às 13h20.

Os Estados Unidos acusaram, neste domingo (10), o Canadá de "traição" durante a cúpula do G7, que terminou em um fiasco após a virada de Donald Trump contra seus aliados, os quais ameaçou com novas tarifas.

No sábado, o magnata republicano retirou abruptamente seu apoio a uma declaração final da cúpula de dois dias realizada em La Malbaie (Quebec, Canadá), apesar do compromisso que foi alcançado após árduas discussões sobre questões comerciais.

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O presidente americano reagiu às declarações do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que reiterou no sábado que as taxas às importações de alumínio e aço impostas pelos Estados Unidos eram "um insulto" ao seu país, dada a história entre as duas nações, que lutaram juntas desde a Primeira Guerra Mundial.

Assim como a União Europeia, Trudeau confirmou que o Canadá iria adotar medidas de retaliação em julho.

Pouco antes, havia elogiado o consenso alcançado pelos sete no comunicado final, um texto que não resolve o conflito em curso, mas que foi visto por todos como um passo para aliviar a tensão e avançar em um diálogo.

"É uma traição, nos enganou, não somente Trudeau, mas os outros membros do G7", comentou neste domingo à CNN Larry Kudlow, principal assessor econômico de Trump.

"Há um lugar reservado no inferno para todo o dirigente estrangeiro que embarca em uma diplomacia de má fé contra Donald Trump e tenta apunhalá-lo pelas costas quando se retira", disse na Fox News o assessor do presidente em temas comerciais Peter Navarro.

Trump, que qualificou Trudeau de "muito desonesto e fraco" no Twitter, havia avalizado o comunicado final, um documento de 28 pontos duramente negociado no grupo dos Sete (Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Japão).

- 'Incoerência e inconsistência' -

Em especial, Trump reiterou a ameaça de impor tarifas aos carros europeus e estrangeiros importados aos Estados Unidos, um setor que pesa muito mais que o do alumínio e aço afetado até o momento.

Segundo Kudlow, a reação do presidente se deve ao fato de não querer "mostrar sinais de fraqueza" antes de sua reunião com Kim Jong Un sobre a desnuclearização da Coreia do Norte.

Trump aterrissou na manhã deste domingo em Singapura, dois dias antes de sua história cúpula com o líder norte-coreano, um encontro que esteve a ponto de não ser realizado após a brusca decisão do presidente americano de cancelá-la, antes de voltar a convocá-la.

A chefia do governo canadense afirmou que Trudeau havia se limitado a repetir conceitos que já havia formulado anteriormente.

O chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, acusou Trump de "destruir muito rapidamente uma incrível quantidade de confiança em um só tuíte", enquanto Berlim manifestava o seu apoio ao comunicado final.

O presidente russo, Vladimir Putin, ironizou "o falatório criativo" dos países do G7 e os convidou a "se concentrar nas questões concretas próprias de uma verdadeira cooperação".

Em La Malbaie, o G7 rechaçou uma proposta de Trump de reintegrar a Rússia, excluída do grupo após a sua anexação da Crimeia em 2014.

- Automóveis alemães -

Os Estados Unidos são o primeiro mercado estrangeiro para as marcas de carros europeias.

Os automóveis representam um quarto do que a Alemanha exporta para os Estados Unidos. A fatia de mercado das marcas alemãs para o segmento de carros de luxo está acima de 40%, de acordo com a Federação Alemã de Automobilismo (VDA).

As atuais tarifas alfandegárias são efetivamente diferentes entre a União Europeia e os Estados Unidos. A Europa tributa as importações de veículos de fora da UE, incluindo os americanos, em 10%.

Nos Estados Unidos, Audi, Volkswagen e outros de origem estrangeira são taxados a 2,5%.

"Não surpreende, então, que os alemães nos vendam três veículos para cada carro americano exportado para a Alemanha", escreveu Peter Navarro em recente coluna no New York Times.

Trump muitas vezes se queixou, em particular, de ver muitos Mercedes em Nova York... mas poucos carros americanos nas ruas europeias.

Para avaliar a equidade do comércio com seus parceiros, o bilionário se concentra em uma única questão: esse país tem um déficit comercial ou excedente com os Estados Unidos? No caso da Alemanha, tem um excedente.

O presidente francês Emmanuel Macron aludiu a esse modo de pensar do presidente americano, replicando, durante as negociações em La Malbaie, que a França praticava o livre comércio com a Alemanha e que, apesar disso, tinha um déficit comercial com Berlim.

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