ETH Bioenergia conclui fusão com Brenco
Transação, que deve ser anunciada na semana que vem, criará a maior produtora de etanol do mundo
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.
SÃO PAULO - Agora, é para valer. As empresas sucroalcooleiras ETH Bioenergia, do grupo Odebrecht, e a Companhia Brasileira de Energia Renovável (Brenco) devem anunciar a fusão depois do carnaval. O negócio, que envolve troca de ações, criará a maior produtora de etanol do mundo, com valor estimado em sete bilhões de reais. Segundo apurou o Portal EXAME, a Odebrechet será dona de quase 65% da união dos ativos e da operação.
Essa transação permitirá que as duas empresas juntas produzam anualmente cerca de três bilhões de litros de etanol e 2.500 gigawatts-hora (GWh) de energia elétrica a partir da biomassa. Segundo fontes ligadas à operação, esse negócio veio num momento oportuno, quando a Brenco precisava sanar o déficit em seu caixa resultante da crise de crédito no setor. Além disso, o objetivo dessa fusão é preparar a empresa líder em bioenergia para um IPO (oferta pública de ações, na sigla em inglês) entre este ano e o próximo.
O conselho administrativo dessa nova empresa terá dez assentos, dentre os quais sete serão ocupados pelo Grupo Odebrechet e três pertencerão à Brenco. Na fatia menor do bolo, os representantes serão designados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), pelo fundo de investimento americano Ashmore e pelo indiano Vinod Khosla. O atual presidente da Brenco, Henri Phillipe Reichstul, sairá da gestão do negócio.
A Brenco foi criada em 2007 com a intenção de se tornar líder global. Para bancar o negócio ambicioso, o executivo Henri Phillipe Reichstul, ex-presidente da Petrobras durante o governo Fernando Henrique Cardoso, assumiu a gestão da empresa. Na sua retaguarda, estavam sócios de peso como o indiano Vinod Khosla (da Sun Microsystems), o ex-presidente do Banco Mundial James Wolfensohn, o americana Ashmore, o fundo Tarpon e o BNDESPar (subsidiário do BNDES).
No entanto, a chegada da crise financeira mundial frustrou os objetivos de Reichstul de construir até 2015 cerca de dez usinas de etanol com capacidade de gerar energia a partir do bagaço da cana. Alguns empréstimos foram feitos na tentativa de retomar o fôlego inicial do projeto de expansão da Brenco. Mas o dinheiro que entrou no caixa não foi suficiente para evitar a incorporação da empresa. Desde outubro do ano passado, foi instalada a auditoria da fusão para analisar a melhor forma de efetuá-la. A expectativa é de que, até sexta-feira da semana que vem, a fusão seja anunciada.