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Estudantes dos EUA "prensam" Cristina Kirchner em entrevista

Um aluno perguntou a Cristina por que ele e seus colegas da classe puderam fazer perguntas à presidente, enquanto jornalistas argentinos raramente têm essa chance

Presidente argentina, Cristina Kirchner, suspendeu acordo de complementação econômica com o México
 (Mehdi Taamallah/AFP)

Presidente argentina, Cristina Kirchner, suspendeu acordo de complementação econômica com o México (Mehdi Taamallah/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2012 às 19h35.

Buenos Aires  - Alunos da Universidade Georgetown, em Washington, fizeram nesta quarta-feira algo que jornalistas argentinos raramente conseguem: pressionaram a presidente Cristina Kirchner a respeito de questões como as desacreditadas estatísticas oficiais de inflação na Argentina.

Cristina é boa oradora, mas raramente concede entrevistas coletivas ou exclusivas no seu país. Suas ações contra oligopólios midiáticos fazem com que ela tenha péssimas relações com o principal grupo de comunicações do país, o Clarín.

Um aluno perguntou a Cristina por que ele e seus colegas da classe de estudos latino-americanos puderam fazer perguntas à presidente, enquanto jornalistas argentinos raramente têm essa chance.

"Na Argentina, quando um repórter não gosta da reposta, ele começa a gritar e faz uma confusão", disse Cristina, aparentemente surpresa com a pergunta. "Eles gritam, ficam bravos, eles jogam coisas, um deles certa vez quebrou uma porta na sala de imprensa." "Nos Estados Unidos, o jornalista faz uma pergunta, o presidente responde e acabou", disse Cristina no encontro, que foi transmitido pela TV argentina. A última entrevista coletiva concedida por ela foi pouco antes da sua reeleição, em outubro de 2011.

A pergunta seguinte abordou um tema ainda mais polêmico: os dados oficiais de inflação.

O aluno do Texas pediu, num espanhol claudicante, que ela comentasse a recente advertência do FMI sobre as estatísticas oficiais argentinas. Há tempos economistas independentes dizem que a inflação no país supera os 20 por cento ao ano, embora o governo só admita cerca de metade da cifra.

"O FMI é absolutamente contra a Argentina", disse Cristina, que então perguntou aos alunos sobre a taxa de inflação nos Estados Unidos. Eles disseram que está em torno de 2 por cento ao ano (o último dado oficial anualizado, em agosto, foi de 1,7 por cento).

"Vocês realmente acham que a inflação é de 2 por cento ao ano no país de vocês? Mesmo, pessoal?" O governo argentino nega que haja manipulação nos índices. Críticos dizem que o governo esconde a inflação real para evitar gastos com reajustes indexados.

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