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Estados Unidos mantêm juros em 5,25% ao ano

Decisão já era amplamente esperada pelo mercado

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) dos Estados Unidos decidiu manter em 5,25% ao ano a taxa básica de juros da economia americana, como já era esperado pelo mercado. Esta é a segunda vez consecutiva que o comitê, órgão do Federal Reserve (Fed) - o banco central dos Estados Unidos - deixa os juros inalterados.

Dez membros do Fomc, incluindo o presidente do Fed, Ben Bernanke, votaram a favor da manutenção da taxa. Apenas um votou contra. Em comunicado, o comitê declarou que "a moderação no crescimento econômico parece continuar, em parte refletindo um resfriamento do mercado imobiliário".

A nota lembra que as pressões inflacionárias parecem mais moderadas, como resultado da redução dos preços de energia e da política monetária. No entanto, o Fomc alerta que "certos riscos permanecem". "A extensão e a duração de qualquer enrijecimento que possa ser necessário para responder a esses riscos dependerá da evolução da conjuntura da inflação e do crescimento econômico", afirma, no comunicado.

Estabilidade

Depois de promover uma série de 17 elevações consecutivas nos juros básicos, o Fomc decidiu colocar uma pausa na escalada da taxa em 8 de agosto e agora repete o movimento de cautela diante do resfriamento da economia americana.

Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings, os Estados Unidos agora devem ficar alguns meses sem ver uma nova alta nos juros. "O Fomc não deve mais mexer na taxa neste ano", diz. O comitê se encontra ainda mais duas vezes em 2006: a primeira em 24 e 25 de outubro, e a segunda, em 12 de dezembro.

Agostini acredita que os indicadores da atividade econômica sensibilizarão os membros do Fomc a manter a estabilidade dos juros pelo menos até o fim de 2006. Ele cita, por exemplo, o índice de inflação ao consumidor, que em agosto cresceu 0,2% - menos do que em julho, quando a taxa ficou em 0,4%. O índice de inflação ao produtor também veio abaixo do esperado por analistas: ficou em 0,1% no mês passado, quando o previsto era 0,2%. "O Banco Central tem como ofício proteger o valor da moeda, e a inflação aparentemente está tranqüila", diz o economista da Austin.

Outro indicador importante, lembra Agostini, é o de desaquecimento do mercado imobiliário. A construção de casas novas caiu 6% em agosto, na quinta retração dos últimos seis meses. "A elevação dos juros que o Fed vinha promovendo também tinha como objetivo conter a alta dos preços dos ativos imobiliários, e isso já está acontecendo", afirma.

Alessandra Ribeiro, analista da Tendências Consultoria, compartilha a opinião de que as altas nos juros promovidas nos últimos dois anos já surtiram os efeitos desejados. "Depois de 11 de setembro, principalmente ao longo de 2002, a economia americana começou a crescer pouco, o que fez o Fed baixar os juros a 1%. Em meados de 2003, a o país já estava claramente em trajetória de alta. O ciclo de elevações nos juros começou em junho de 2004 para que a economia não explodisse, e agora o Fomc deve apenas compensar essas medidas", diz. Alessandra acredita que a estabilidade dos juros deve vigorar até o segundo trimestre de 2007.

Impacto

A decisão tomada pelo Fomc nesta tarde é crucial para a economia brasileira, diz Alex Agostini, da Austin: "É uma notícia sumamente importante para o Brasil". Para ele, a manutenção oferece "uma certa estabilidade, e os ativos emergentes voltam a ser atraentes". Ele afirma que a cautela dos investidores, incertos quanto ao rumo dos juros nos Estados Unidos e inseguros quanto ao melhor mercado para alocar seu dinheiro, fez com que os ativos financeiros no Brasil ficassem subvalorizados. "Não há motivo para a bolsa estar em 36 mil pontos, tinha que estar ao redor de 40 mil."

Alessandra Ribeiro, da Tendências, também aposta que a manutenção dos juros americanos abrirá uma chance para a entrada de mais recursos externos no Brasil. "Pode tirar uma incerteza do mercado. Com os juros não tão altos nos Estados Unidos, os fluxos de fora continuam vindo ao mercado brasileiro."

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