EUA supera um milhão de mortes por covid-19
Os Estados Unidos registram há um mês um aumento diário de casos após vários meses de queda
AFP
Publicado em 12 de maio de 2022 às 08h41.
Última atualização em 12 de maio de 2022 às 08h47.
Os Estados Unidos superaram a marca de um milhão de mortes por covid-19, anunciou a Casa Branca nesta quinta-feira (12), no momento em que o país, liderado por Nova York, a cidade mais afetada pelo coronavírus em 2020, deseja virar a página, apesar do leve aumento de casos desde o mês passado.
"Hoje alcançamos um marco trágico: um milhão de vidas americanas perdidas para a covid-19", afirmou o presidente Joe Biden em um comunicado.
"Nós devemos permanecer vigilantes contra esta pandemia e fazer tudo para salvar o maior número possível de vidas, como fizemos com mais testes, vacinas e tratamentos do que nunca antes", acrescentou Biden.
Após vários meses de queda nos contágios no país mais enlutado do mundo (seguido por Brasil, Índia e Rússia), Estados Unidos registram há um mês um aumento diário de casos.
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A alta acontece em um contexto no qual a máscara deixou de ser obrigatória, embora o uso continue sendo recomendado em ambientes fechados, e a quarta dose da vacina está disponível apenas para pessoas com mais de 50 anos.
O aumento de casos é provocado por subvariantes da ômicron, mais transmissíveis que as cepas anteriores, embora os feitos pareçam menos graves em um país onde 66% da população está vacinada. O índice alcança 90% entre as pessoas com mais de 65 anos.
Após dois anos de pandemia e várias ondas de variantes de coronavírus, o país deseja virar a página da doença.
Nova York
Nova York, capital econômica e cultural do país e grande mosaico de comunidades e classes sociais, parece ter recuperado sua famosa efervescência.
Nova-iorquinos, turistas nacionais e estrangeiros retornam aos teatros da Broadway, se fotogravam perto dos telões publicitários de Times Square, visitam a Estátua da Liberdade, passeiam de carruagem pelo Central Park ou percorrem a ponte do Brooklyn, a pé ou de bicicleta.
Os renomados museus do norte de Manhattan voltaram a ficar lotados e os elevadores para as plataformas de observação dos arranha-céus, que oferecem vistas incomparáveis da Big Apple e seus arredores, registram movimentação intensa.
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As atrações começaram a reabrir progressivamente em 2021 na metrópole de 8,4 milhões de habitantes, que voltou a registra engarrafamentos nas principais avenidas.
Filas são observadas diante de milhares restaurantes, bares e 'food-trucks' em Manhattan e no Brooklyn.
"Há muito tempo esperávamos o retorno de Nova York", disse Alfred Cerullo, que lidera um lobby para incentivar os negócios em Manhattan. "Sem dúvida, a você volta a sentir a energia das pessoas nas ruas", acrescentou.
Pesadelo de 2020
O contraste com 2020 é impactante. Epicentro da pandemia, a "cidade que nunca dorme" ficou vazia durante semanas, como em um filme de ficção científica.
Pelas grandes avenidas de Manhattan, Brooklyn e Queens o som das sirenes das ambulâncias dominava a cidade, com hospitais lotados e necrotérios obrigados a armazenar os corpos das vítimas em caminhões frigoríficos.
Janice Maloof-Tomaso, uma enfermeira que trabalhava em Boston na época, recorda que muitos profissionais da área da saúde "não aguentaram ver tantas mortes (...) muitos ficaram traumatizados e deixaram a profissão".
Quase 40.000 nova-iorquinos morreram desde 2020 vítimas da covid. Os moradores de Manhattan, Brooklyn e Queens não esquecem a pandemia.
Sem clientes durante meses, milhares de pequenos negócios fecharam as portas. As janelas continuam cobertas por placas ou cartazes de imobiliárias com a mensagem "aluga-se".
Comércio "preocupado"
Frank Tedesco é proprietário de uma joalheria no bairro de Westchester, norte do Bronx.
Ele explica à AFP que conseguiu salvar o negócio em 2020 graças às ajudas públicas e suas poupanças, mas está "muito preocupado" porque não sabe o que vai acontecer e como poderia suportar outro "impacto" econômico provocado por um eventual retorno da epidemia.
Traumatizados pelo pesadelo de 2020, os nova-iorquinos permanecem atentos. A máscara, que ainda é observada nas ruas e em locais fechados, é obrigatória nos transportes e em muitas casas de espetáculos, como a Metropolitan Opera House ou teatros.
E o teletrabalho parece ter chegado para ficar: uma pesquisa semanal da empresa de segurança no trabalho Kastle mostra que a taxa de ocupação dos escritórios em Nova York alcança 38%.
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O presidente do banco de negócios Goldman Sachs, David Solomon, reconheceu em 2 de maio que o índice de retorno ao trabalho presencial é de 50-60%, contra 80% antes da covid.
Desde o início da pandemia, os números dos países membros compilados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) registram um total de 5,4 milhões de óbitos por covid-19 em dois anos.
Mas a OMS afirmou na semana passada que a pandemia provocou entre 13 e 17 milhões de mortes no mundo, de janeiro de 2020 a dezembro de 2021, quase o triplo do total do balanço oficial, o que mostra a devastação provocada pela pandemia mais grave registrada no planeta em um século.