Estado Islâmico assume responsabilidade por ataque em Berlim
"O executor da operação em Berlim é um soldado do EI e ele executou a operação em resposta aos apelos para alvejar cidadãos de países da coalizão"
Reuters
Publicado em 20 de dezembro de 2016 às 17h55.
Última atualização em 20 de dezembro de 2016 às 18h50.
Berlim - Autoridades alemãs libertaram nesta terça-feira devido à falta de provas o paquistanês que busca asilo no país e era suspeito de entrar com um caminhão numa feira de Natal em Berlim e matar 12 pessoas, e o ministro do Interior disse que o verdadeiro responsável pode estar foragido.
O caminhão bateu contra estandes de madeira que serviam vinho e salsichas na noite de segunda-feira aos pés da igreja memorial Kaiser Wilhelm, um dos principais marcos de Berlim. Ao todo 45 pessoas ficaram feridas. Dessas, 30 se feriram gravemente.
O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque, dizendo que o agressor era um "soldado" do grupo militante.
"Ele executou a operação em resposta aos apelos para alvejar cidadãos de países da coalizão", disse a agência de notícias Amaq, ligada ao grupo militante.
Mas o ministro do Interior da Alemanha afirmou que, apesar da alegação, os investigadores estavam seguindo várias pistas. "Há várias pistas que os investigadores estão seguindo agora", disse o ministro Thomas de Maiziere à emissora ARD.
A Promotoria Federal disse num comunicado que não foi capaz de provar que o suspeito havia estado na cabine do caminhão no momento do ataque e afirmou que ele havia negado envolvimento.
Mais cedo, o jornal Die Welt citou um comandante policial não identificado dizendo: "Nós temos o homem errado. E por essa razão uma nova situação. O verdadeiro responsável ainda está armado, à solta e pode causar novos danos".
Falando sobre a libertação do suspeito na noite desta terça, o ministro do Interior disse à emissora ZDF: "É por isso que não se pode descartar o fato de o responsável ainda estar à solta".
Ele declarou que não havia dúvidas de que o incidente em Berlim tinha sido um ataque, mas que o motivo ainda não estava claro. Ele também disse que não se sabia quantos estrangeiros tinham sido vítimas do ataque, acrescentando que nenhuma criança estava entre os mortos.
A notícia da prisão do paquistanês de 23 anos fez com que políticos na Alemanha e em outros lugares exigissem medidas duras contra a imigração, mas a chanceler Angela Merkel pediu cautela.
"Há muita coisa que ainda não sabemos com certeza suficiente, mas devemos, com o cenário que temos, presumir que foi um ataque terrorista", disse ela à imprensa nesta terça.
"Eu sei que seria especialmente difícil para nós todos suportar se fosse confirmado que a pessoa que cometeu esse ato é alguém que buscava proteção e asilo", acrescentou.
O caminhão pertencia a uma empresa de frete polonesa, e o motorista responsável por ele foi encontrado morto a tiros no veículo. O motorista polonês havia chegado horas antes na capital alemã e falou com a mulher por volta das 15h, segundo um primo.
Quando ela telefonou novamente uma hora mais tarde, ele não respondeu.
Merkel se juntou a centenas de pessoas na noite desta terça numa cerimônia memorial na igreja perto do local do ataque. O porta-voz dela disse que ela falou com os líderes de sete países europeus e também com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e todos asseguraram o apoio à Alemanha.
Autoridades da área de segurança na Alemanha e na Europa vêm alertando há anos que feiras de Natal poderiam representar um alvo fácil para ataques militantes. Em 2000, um plano da al-Qaeda para um atentado a bomba no mercado de Natal de Estrasburgo na véspera do Ano Novo acabou frustrado.