Protesto em Hong Kong pedindo a libertação de Liu Xiaobo, agora prêmio Nobel da Paz (.)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2010 às 09h39.
Pequim - A esposa de Liu Xiaobo, o dissidente chinês agraciado nesta sexta-feira com o Prêmio Nobel da Paz, irá hoje à prisão onde o marido cumpre pena para informá-lo sobre a notícia, após negociar com as autoridades seu silêncio, informaram fontes ligadas ao casal.
A poetisa Liu Xia foi obrigada ontem a abandonar seu domicílio de forma secreta e sob forte vigilância policial para não ter de conceder entrevista aos inúmeros jornalistas que esperavam que ela saísse de seu apartamento para comentar à imprensa sobre a decisão do Instituto Nobel da Noruega.
Fontes dissidentes asseguram que Liu negociou com as autoridades seu silêncio em troca de poder visitar hoje seu marido e informá-lo sobre o prêmio, já que ele se encontra incomunicável na prisão.
No entanto, a esposa fez declarações a alguns meios de comunicação e enviou um comunicado expressando agradecimento e pedindo liberdade para Liu.
Tal como informou hoje o jornalista dissidente Wang Jinbo, Liu Xia viaja sob custódia e acompanhada por seu irmão à localidade de Jinzhou, na província vizinha de Liaoning, 480 quilômetros ao nordeste da capital chinesa, onde seu marido cumpre pena de 11 anos desde dezembro de 2009 por redigir um manifesto político pedindo democracia na China.
Wang, que é amigo da poetisa, assinala que a segurança nos arredores da prisão se intensificou nesta manhã e que as áreas de acesso à mesma foram bloqueadas.
Os moradores de Jinzhou dizem que não viram muitos agentes de segurança pública, mas a Polícia deteve um veículo com jornalistas de Hong Kong e os levou à delegacia para interrogatório. Em seguida, eles foram convidados a abandonar a localidade.
O Governo chinês repudiou ontem a concessão do prêmio a um "criminoso" e qualificou a decisão de "blasfêmia", porque, segundo o regime autoritário comunista que governa a China desde 1949, a decisão descumpre o espírito do Prêmio Nobel.
Além disso, a Chancelaria chinesa chamou para consultas o embaixador norueguês em Pequim e censurou a notícia na imprensa de todo o país. As capas dos jornais estampam hoje as notícias referentes ao câmbio do iuane e à sucessão na Coreia do Norte. Só os editoriais mencionam o Nobel da Paz, e para condená-lo.
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