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Espanha: crise deve dar vitória esmagadora a conservadores

Pesquisas mostram que o Partido Socialista, atualmente no poder, pode ter com o pior resultado de sua história

Alfredo Pérez Rubalcaba e Mariano Rajoy, candidatos a presidência da Espanha (Dani Pozo/AFP)

Alfredo Pérez Rubalcaba e Mariano Rajoy, candidatos a presidência da Espanha (Dani Pozo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2011 às 16h31.

Madri - O conservador Partido Popular (PP) pode sair como o grande vencedor das eleições legislativas de 20 de novembro na Espanha, nas quais terá como adversário o Partido Socialista (PSOE), que está no poder e ainda confia nos votos dos indecisos para uma virada de última hora.

Segundo as pesquisas, o PP, que lançou Mariano Rajoy como candidato, vai dominar o cenário político amplamente. Essa é a terceira vez consecutiva que o partido tenta governar a Espanha.

O principal rival de Rajoy é o socialista Alfredo Pérez Rubalcaba, ex-vice-presidente do país e ex-ministro do Interior, que se candidatou no lugar no chefe do executivo e secretário-geral do PSOE, José Luis Rodríguez Zapatero, que desistiu de concorrer devido ao desgaste causado pela crise financeira.

Todas as pesquisas, inclusive a mais recente, divulgada no dia 4 de novembro pelo Centro de Pesquisas Sociológicas (CIS), apontam uma vitória arrasadora do PP, que ficaria com até 195 deputados na câmara baixa do Parlamento (o partido tem atualmente 154), superando amplamente o número de 176 necessário para formar a maioria absoluta.

Os conservadores já têm a maioria em boa parte das comunidades autônomas, exceto Catalunha, País Basco, Andaluzia e Astúrias. O PSOE, por sua vez, teria entre 116 e 121 cadeiras, o pior resultado de sua história. O partido tem atualmente 169 deputados.

O principal motivo de conflitos entre PP e PSOE é o descontentamento dos cidadãos com a situação econômica do país, que registra crescimento zero e tem quase cinco milhões de desempregados, mais de 21% da população ativa. Entre os menores de 25 anos, esse índice é de 45%.

Se o resultado for confirmado, o PP superaria o melhor resultado de sua história: em 2000, com José María Aznar, o partido conquistou 183 vagas no parlamento, enquanto os socialistas ficaram com 125 cadeiras.

Diante dessa perspectiva, Rubalcaba espera mobilizar os simpatizantes socialistas que estão desmotivados. Segundo a pesquisa do CIS, 31% (mais de oito milhões de pessoas) do eleitorado ainda não decidiu seu voto.

Foi para os indecisos que Rubalcaba dedicou suas últimas palavras no final do debate contra Rajoy, transmitido por uma rede de televisão na segunda-feira. 'A indiferença não resolve problemas, com abstenção não se dão bolsas de estudos nem se criam empregos. Quando a situação é crítica, é preciso atuar'.


Os integrantes do PSOE procuram se inspirar nas eleições de 1993: na ocasião, as pesquisas apontavam a vitória dos conservadores, mas os socialistas, liderados por Felipe González, conseguiram a vitória.

Os analistas políticos, no entanto, consideram que a situação agora é muito diferente. Segundo eles, o PSOE deve torcer para que o castigo do eleitorado não seja muito doloroso.

A conquista da maioria absoluta no Parlamento da Espanha deixaria o PP com as mãos livres para promover as mudanças preconizadas pelo líder dos conservadores, após oito anos de gestão socialista. O PP pretende conter os gastos públicos e incentivar as empresas a contratar.

Além dos dois partidos, outras forças concorrerão nas eleições. O PP e o PSOE, no entanto, somaram 92% das cadeiras do legislativo em 2008. Este bipartidarismo é denunciado pelas formações minoritárias e pelo Movimento 15M, formado em Madri por ativistas que acamparam na Puerta del Sol em maio.

Partidos como a Esquerda Unida (IU) e a União, Progresso e Democracia (UPyD), criada por Rosa Díez, ex-dirigente do PSOE, sentem-se prejudicados pelo atual sistema eleitoral da Espanha e pedem reformas.

O território espanhol é dividido em 50 zonas eleitorais, mesmo número de províncias do país, além de mais duas cidades autônomas localizadas no norte da África, Ceuta e Melilla. A lei estabelece que cada uma tem uma representação mínima de parlamentares, mas que o número total de cadeiras é definido pela proporção da população.

Quase 36 milhões de eleitores poderão escolher, no dia 20 de novembro, 350 integrantes da câmara baixa e 208 senadores, que serão eleitos em listas abertas, ao contrário do Congresso. EFE

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