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Epidemia de Aids na Rússia pode fugir do controle

A epidemia do vírus na Rússia, companhada pelos elevados níveis de toxicomania, pode ficar "fora de controle" em 2020, segundo ministra


	Aids: ministra afirmou que o número de soropositivos no país pode aumentar em 250% até 2020 se for mantida a atual porcentagem de pessoas que recebem tratamento
 (Getty Images)

Aids: ministra afirmou que o número de soropositivos no país pode aumentar em 250% até 2020 se for mantida a atual porcentagem de pessoas que recebem tratamento (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2015 às 16h11.

Moscou - A epidemia de Aids na Rússia, acompanhada pelos elevados níveis de toxicomania, pode ficar "fora de controle" em 2020 caso não sejam alocados mais recursos para a luta contra a doença, alertou nesta sexta-feira a ministra da Saúde russa, Veronika Skvortsova.

Em reunião da comissão governamental de saúde, a ministra afirmou que o número de soropositivos no país pode aumentar em 250% até 2020 se for mantida a atual porcentagem de pessoas que recebem tratamento.

"O atual nível de financiamento permite oferecer tratamento antirretroviral a cerca de 200 mil pessoas soropositivas, uma cobertura de 23% em 2015. Caso o preço dos remédios seja reduzido, pode ser alcançada uma porcentagem máxima de pessoas que recebem tratamento de 25% a 30%", afirmou a ministra, citada pela imprensa local.

"Nessa situação, teremos um cenário de epidemia generalizada de HIV e Aids, no qual o número de pessoas infectadas aumentará 250% em 2020", ressaltou.

Devido a essa ameaça, a ministra anunciou que para o próximo ano o financiamento para a luta contra a Aids aumentará em US$ 330 milhões. A Rússia possui cerca de um milhão de pessoas com HIV atualmente, e o número continua a crescer.

Só no ano passado, 90 mil cidadãos russos contraíram o vírus, 30 vezes mais que o número de ifectados na Alemanha (três mil), o país com a taxa de infecção mais baixa da Europa, uma diferença que não corresponde à diferença de população.

A principal causa para que a Aids continue a aumentar na Rússia - enquanto a epidemia é reduzida no mundo todo - é a existência de 1,5 milhão de usuários de heroína por via intravenosa, assinalou na mesma reunião o diretor do Serviço Federal para o Controle de Narcóticos, Viktor Ivanov.

"Há 1,5 milhão de dependentes de heroína que injetam entre duas e oito vezes ao dia. Desse modo, a cada ano são realizadas mais de dois bilhões de injeções de heroína", acrescentou.

Segundo Ivanov, os dados que dispõe "confirmam que uma das causas da expansão do vírus HIV são as injeções de heroína afegã. Praticamente todas as pessoas identificadas com o vírus são toxicomaníacas por via intravenosa ou pessoas que tiveram relações sexuais com drogados".

Um dos problemas para frear os contágios é que "esses toxicomaníacos não buscam tratamento, muito pelo contrário, evitam qualquer contato com centros de saúde e fogem das forças de segurança", comentou.

"Todo um exército de toxicomaníacos, que circulam livremente entre a sociedade, está semeando e propagando doenças, infecções, como hepatite de todos os tipos e Aids", disse.

Recentemente, o diretor da agência federal para a Aids, Vadim Pokrovski, classificou a situação com esta doença como "catástrofe nacional".

Em entrevista, Pokrovski alertou que a Rússia deveria dedicar dez vezes mais recursos para prevenir novas infecções, mas também se referiu à necessidade de uma mudança de mentalidade no país para enfrentar o problema, visto que tanto as autoridades como a Igreja Ortodoxa incentivam políticas conservadoras em matéria de educação sexual.

"Os últimos cinco anos de enfoque conservador acarretaram a duplicação dos casos de infecção de HIV", disse Pokrovski, em referência a fatos como a pregação religiosa, que deve promover a fidelidade e não usar preservativos. Pokrovski também denunciou que na Rússia é proibido o uso da metadona para o tratamento médico de drogados.

Os especialistas também consideram a homofobia no país como uma barreira para a prevenção da Aids, já que muitos homossexuais não fazem o exame por medo de serem estigmatizados. 

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