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Entrevista de príncipe Andrew sobre predador sexual choca o Reino Unido

Polêmica entrevista do filho da rainha Elizabeth sobre sua relação com Jeffrey Epstein ofuscou a eleição e prejudicou projetos sociais apoiados por ele

A rainha Elizabeth e seu filho, príncipe Andrew: ele é acusado de envolvimento com uma rede de tráfico sexual liderada pelo americano Jeffrey Epstein (Duncan McGlynn / Correspondente/Getty Images)

A rainha Elizabeth e seu filho, príncipe Andrew: ele é acusado de envolvimento com uma rede de tráfico sexual liderada pelo americano Jeffrey Epstein (Duncan McGlynn / Correspondente/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 19 de novembro de 2019 às 12h23.

Última atualização em 20 de novembro de 2019 às 16h50.

São Paulo - Um escândalo de denúncia sexual envolvendo o príncipe Andrew gerou uma forte comoção no Reino Unido após uma tentativa do monarca de esclarecer o caso em uma polêmica entrevista dada para a rede britânica BBC.

As acusações contra o filho da rainha Elizabeth ofuscaram a eleição geral no país e várias empresas anunciaram a retirada de patrocínio de projetos relacionados ao integrante da família real britânica.

Comoção

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e seu principal oponente, o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, haviam planejado divulgar seus planos para a quinta maior economia do mundo antes da eleição de 12 de dezembro.

Em vez disso, os discursos foram ofuscados pela explicação de Andrew para seu relacionamento com o falecido financista norte-americano Jeffrey Epstein e pela refutação de ter feito sexo com uma das acusadoras de Epstein, Virginia Giuffre, quando ela tinha 17 anos.

Em um evento organizado pelo CBI, o principal lobby britânico do setor empresarial, Johnson foi indagado duas vezes sobre o príncipe Andrew, inclusive se ele compartilhava a "incredulidade da nação" a respeito do relato de Andrew sobre seu comportamento e o que aconselharia a rainha a fazer.

"Não serei induzido a comentar questões relativas à família real", disse Johnson depois de prometer acabar com a incerteza sobre a separação britânica da União Europeia finalizando o processo até 31 de janeiro.

Mais cedo, ele havia sido questionado por um repórter se incentivaria o príncipe a cooperar com as autoridades dos Estados Unidos no tocante às ações de Epstein. O premiê respondeu: "Boa tentativa".

No mundo corporativo, a consultoria KPMG informou ter decidido não renovar seu apoio ao projeto de negócios do monarca, destinado a ajudar os empreendedores.

Além disso, a empresa farmacêutica AstraZeneca disse ao jornal "The Daily Telegraph" que está revendo seu próximo contrato com o projeto do príncipe, que termina no final do ano e pode não ser renovado.

Há, ainda, a decisão da Aon, corretora de seguros, de solicitar a retirada de seu logotipo do site do "Pitch @ Palace", o projeto do príncipe, onde aparece como um "parceiro global".

Entrevista polêmica

Os comentários de Andrew à rede BBC dominaram o noticiário e provocaram o repúdio da mídia nacional, que disse que suas explicações são insatisfatórias. Os advogados das vítimas de Epstein disseram que o príncipe mostrou pouca solidariedade pelas pessoas abusadas.

O príncipe, cujo título oficial é Duque de York, disse em uma entrevista à BBC exibida no sábado que não poderia ter feito sexo com uma adolescente na casa de uma socialite de Londres porque voltou ao seu lar após uma festa infantil na noite em questão e que não se lembra de tê-la conhecido.

Andrew deu várias razões para sustentar que o relato da vítima, que disse tê-lo conhecido quase duas décadas atrás em um clube noturno londrino dançando e suando antes de fazer sexo com ele, não pode ser verdadeiro.

Entre elas está um problema médico que o impede de transpirar, o fato de que "nunca foi festeiro" e de evitar "exibições públicas de afeto".

Mas a mídia britânica publicou fotos de Andrew em diversas festas na companhia de várias mulheres, em algumas das quais ele aparece demonstrando afeto e transpirando claramente.

Relembre o escândalo

Epstein se suicidou na cela que estava preso, em Nova York, no dia 10 de agosto, após ter sido preso sob a acusação de ter criado uma rede de tráfico sexual, para abusar de mulheres.

Diversos veículos de imprensa apontaram que o magnata e o príncipe Andrew eram amigos, inclusive, comprovando a relação com fotos do Duque de York na mansão de Epstein, se despedindo de uma jovem.

Em agosto, o integrante da família real britânica chegou a dizer que nunca, durante os contatos, viu qualquer atitude suspeita do americano.

Virginia Giuffre, uma das 16 mulheres que acusaram Epstein de abuso, chegou a afirmar em depoimento que foi obrigada a manter relações sexuais com o Duque de York, quando tinha 17 anos. O príncipe nega a acusação.

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