Mundo

Encontro do Foro de SP em Caracas preocupa governo brasileiro

Membros do governo e aliados de Bolsonaro estarão atentos à abertura da 25ª edição do Foro de São Paulo, que vai até o dia 28 de julho em Caracas

Maduro: 25ª edição do Foro de São Paulo acontece durante uma grande crise política e econômica na Venezuela

Maduro: 25ª edição do Foro de São Paulo acontece durante uma grande crise política e econômica na Venezuela

DR

Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2019 às 06h31.

Última atualização em 25 de julho de 2019 às 06h47.

O nome é de São Paulo, mas o evento acontece na Venezuela. Membros do governo e aliados do presidente Jair Bolsonaro estarão atentos nesta quinta-feira à abertura da 25ª edição do Foro de São Paulo, que vai até o dia 28 de julho em Caracas. O evento reúne 800 convidados, incluindo partidos de esquerda e movimentos sociais da América Latina. 

Oficialmente, o lema do evento é: “Pela Paz, Soberania e Prosperidade dos Povos” e vai discutir, neste ano, temas como a “agressão imperial contra a Venezuela”, paz na Colômbia e fim do bloqueio econômico contra Cuba. 

O Foro nasceu em 1990 com um seminário promovido pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em São Paulo para reunir lideranças de esquerda das Américas. Neste ano o PT e outros partidos brasileiros não vão enviar representantes expressivos para o encontro. Gleisi Hofmann (PT-PR), presidente do partido, esteve presente na edição de 2018 em Cuba, mas não vai participar neste ano alegando conflito de agenda. Em seu lugar, o partido envia duas secretárias. 

O PCdoB também mandou dois representantes e o PSOL não foi nem convidado pela organização. Ao todo, a delegação brasileira terá 35 pessoas e vai defender o movimento “Lula Livre”, que pede a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril de 2018. 

Mesmo com a crise, o governo da Venezuela irá custear os custos de hospedagem, alimentação e transporte interno para dois representantes de cada delegação do Foro. A reunião em Caracas acontece durante uma grande crise política e econômica do país, que obrigou mais de 4 milhões de pessoas a emigrar e em que o governo do presidente Nicolás Maduro enfrenta um embate com o oposicionista Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino.

Apesar da diminuição da importância do Foro, os aliados do presidente Bolsonaro continuam atacando o evento. O filho mais novo do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), assinou um requerimento para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Foro.

O escritor e guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, chegou a dizer que Eduardo deveria recusar ser embaixador do Brasil em Washington para poder se dedicar a cuidar da CPI sobre o Foro de São Paulo, que ele diz ter “controle da mídia, do sistema judiciário e da educação brasileira”. Para Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, as denúncias do site The Intercept Brasil contra a Lava-Jato e o ministro Sergio Moro “fazem parte” da “estratégia” do evento. 

O presidente Bolsonaro, por sua vez, disse que o encontro planeja “discutir um projeto totalitário para a América Latina”. Ao que tudo indica, contudo, o Foro não deve passar de um encontro isolado e que pouco impacta os países da região — para além dos posts no Twitter dos membros do governo brasileiro. 

Acompanhe tudo sobre:Exame HojeVenezuela

Mais de Mundo

Papa celebra o Natal e inicia o Jubileu 2025, 'Ano Santo' em Roma

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips