Fila para vacinação em Moscou: empresas têm sido mais bem-sucedidas em campanhas de convencimento do que o governo (Bloomberg/Bloomberg)
Bloomberg
Publicado em 22 de junho de 2021 às 15h28.
Última atualização em 22 de junho de 2021 às 15h51.
Gigantes industriais da Rússia, diante de uma terceira onda de covid-19 que ameaça minar a recuperação econômica, buscam soluções para que o país consiga a imunidade coletiva.
A Alrosa está sorteando um snowmobile (uma moto usada para andar na neve) e um Hyundai Solaris para trabalhadores que forem vacinados. Evraz e Severstal inscreveram funcionários em loterias para prêmios em dinheiro e outros brindes.
A Magnitogorsk Iron & Steel oferece um dia extra de folga após a vacinação, enquanto a Phosagro permite que funcionários vacinados tenham prioridade ao se qualificarem para viagens a resorts com todas as despesas pagas.
A generosidade ajudou a aumentar o percentual de funcionários vacinados em grandes empresas acima da média nacional, mas mostra os limites das políticas corporativas para superar a incapacidade do governo de convencer as pessoas de que as vacinas desenvolvidas na Rússia são seguras.
Esse obstáculo está contribuindo para um novo surto de covid-19 no país, que elevou o número de novos casos para o maior nível em cinco meses.
“Os esforços corporativos são ótimos, mas provam que, sem persuadir, promover e pressionar, muitas pessoas evitarão se vacinar”, disse Denis Volkov, diretor do instituto de pesquisa independente Levada Center.
A iniciativa corporativa é significativa, porque a Rússia continua dominada por grandes empresas, com quase metade dos russos em idade produtiva empregados em companhias de médio e grande porte, de acordo com a agência de estatísticas do país.
As empresas russas foram as primeiras a promover a vacina Sputnik V, com muitos executivos sendo vacinados para dar o exemplo. Com a maior disponibilidade de imunizantes, muitas empresas ofereceram vacinação gratuita no local de trabalho para funcionários e familiares.
Apenas 12% dos russos receberam pelo menos uma dose de vacina. O presidente Vladimir Putin quer que no mínimo 60% dos russos tenham imunidade até o outono no Hemisfério Norte, nível do qual os Estados Unidos e grande parte da Europa Ocidental já estão se aproximando.
“É importante para as empresas fortalecerem a proteção contra a terceira onda da pandemia”, disse Andrey Guryev, CEO da fabricante de fertilizantes Phosagro, que vacinou quase metade de seus 18.000 funcionários graças aos incentivos oferecidos.
A Alrosa, maior produtora mundial de diamantes, diz que mais de 10.000 funcionários iniciaram o processo de vacinação e 29% dos trabalhadores da empresa estão totalmente imunizados.
Ainda assim, a desconfiança no governo e a baixa preocupação com a pandemia afetam o ritmo de vacinação. Pesquisa divulgada em maio pelo Levada Center mostrou que 55% dos russos não têm medo de se contagiar com a covid-19.
“Muitos dizem que até que recebam um sinal claro do empregador ou do governo, não vão se vacinar”, disse Volkov, do Levada.
— Com a colaboração de Olga Tanas.