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Empresas brasileiras "tem que ter DNA verde", dizem executivos

Participantes do Exame Fórum de sustentabilidade afirmam que "produtos verdes" do Brasil podem ser referência mundial

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 14h34.

Executivos de empresas brasileiras que atuam em diversos setores respondem a uma só voz quando o assunto é a sustentabilidade: "Temos que ter DNA verde". A atual onda de debates sobre a posição e as oportunidades para o Brasil na era da economia de baixa emissão de carbono levanta discussões sobre as oportunidades que as companhias terão de se inserir na nova realidade - e de ganhar com isso.

Segundo os participantes do Exame Fórum de Sustentabilidade, realizado nesta quarta-feira (11/10) em São Paulo, a mudança de mentalidade das empresas é obrigatória. "A sustentabilidade tem de estar na estratégia da empresa. Não dá mais para dissociar formação de valor e sustentabilidade", diz Marcos Bicudo, presidente da Philips do Brasil e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebeds).

Sob o comando de Bicudo, a Philips persegue a meta usando a educação para despertar em seus executivos a visão de gestão aliada aos cuidados com o meio ambiente. "Temos um programa de imersão com a Fundação dom Cabral para os executivos entenderem sustentabilidade em todos os seus aspectos". O presidente admite, entretanto, que as métricas da economia verde não são claras, mas garante que é possível criar benchmarks.

Marca referência quando o assunto é desenvolvimento sustentável, a Natura estabeleceu como meta "transformar desafios sócio-ambientais em oportunidades de negócios. O grande potencial que vemos nisso é que, ao explicar às nossas consultoras sobre os produtos, também as esclarecemos sobre a realidade", diz o diretor de Sustentabilidade da companhia, Marcos Vaz. A experiência da companhia permitiu que as áreas cruciais para aliar produção e preservação fossem identificadas. "Existe a possibilidade de substituir os produtos não renováveis por produtos renováveis. Temos também que rever as cadeias de materiais que utilizamos".

Vaz diz ainda que outra oportunidade que a Natura enxerga é a de disseminar as boas práticas de sustentabilidade entre as empresas e acionistas. "A empresa considera não só seus elos mais próximos, mas todos os stakeholders. A partir da mobilização de todos esses elos é que as empresas se oxigenam".

Top of mind
"O produto made in Brazil, quando comprado por alguém no exterior, deve remeter imediatamente à ideia de sustentabilidade. O Brasil precisa se posicionar como líder ambiental. Isso agrega valor aos produtos brasileiros, gera emprego, renda, ao mesmo tempo em que se faz o que é correto", diz Antônio Maciel Neto, presidente da Suzano Papel e Celulose.

Segundo Maciel, um pouco desse valor agregado já começa a ser percebido no próprio papel que a Suzano produz e exporta. "Os produtores têm incluído em suas embalagens a informação de que a celulose é produzida a partir de florestas plantadas (e não das nativas)". Ele conta que, antes da crise econômica mundial, já havia um movimento, ainda que discreto, de premiação da produção sustentável, através do maior valor pago por produtos "verdes". Embora este incentivo tenha minguado como conseqüência dos problemas econômicos nos países, o fato demonstra uma predisposição a prestigiar iniciativas de produção que levem em conta as questões ambientais.

Maciel defende ainda que a pesquisa para geração de conhecimento e tecnologia que levem a produtos com selo de qualidade ambiental é outra fonte de grandes oportunidades para as empresas. "Pode gerar empregos em biotecnologia, em pesquisa para aumentar a produtividade, e muitas outras áreas. Na Suzano, plantamos 230 mil árvores todos os dias. São quase 10 mil pessoas".

A expectativa na capacidade do país de exportar produtos sustentáveis é grande, mas Maciel reconhece que ainda é necessário divulgar o potencial brasileiro. "Quando se tem um produto que é melhor que a imagem, fica muito mais fácil trabalhar do que na situação contrária. No caso do Brasil, o produto é ótimo, mas não tem uma imagem tão boa. É questão de investir na divulgação".

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