Mundo

Emoção marca entrega do Prêmio Príncipe das Astúrias na Espanha

Foram feitas homenagens a "heróis de Fukushima", aos avanços da ciência, à arte, à poesia e ao esporte

Príncipe Felipe elogiou também os méritos e as trajetórias dos premiados, que contagiam "a paixão por criar, a esperança por inovar" (Getty Images)

Príncipe Felipe elogiou também os méritos e as trajetórias dos premiados, que contagiam "a paixão por criar, a esperança por inovar" (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2011 às 20h12.

Oviedo, Espanha - O príncipe Felipe de Bourbon, herdeiro da Coroa espanhola, entregou nesta sexta-feira o Prêmio Príncipe das Astúrias, considerado o Nobel espanhol, em uma emotiva cerimônia que prestou homenagem aos "heróis de Fukushima", aos avanços da ciência, à arte, à poesia e ao esporte.

Os participantes da cerimônia, celebrada na cidade espanhola de Oviedo (norte), prestaram tributo às vítimas do terrorismo na Espanha, depois que o herdeiro espanhol começou seu discurso referindo-se à "grande vitória" do Estado de Direito que, em sua opinião, significa que a ETA assumiu a derrota da violência.

Em seu discurso, o príncipe Felipe elogiou também os méritos e as trajetórias dos premiados, que contagiam "a paixão por criar, a esperança por inovar", com valores e ideais que devem inspirar sempre a todos.

A edição deste ano concedeu o Prêmio da Concórdia à coragem dos "heróis de Fukushima", o grupo de policiais e trabalhadores que arriscaram suas vidas no acidente nuclear provocado pelo terremoto e posterior tsunami que atingiram o Japão em março.


"Nos emociona sua coragem e nos admira sua força", disse o príncipe, que destacou o "imenso espírito de sacrifício" de todos eles.

Em representação de seus companheiros, discursou o japonês Toyohiko Tomioka, um dos responsáveis pelas operações de esfriamento da usina atômica de Fukushima. Ele manifestou sua disposição a seguir lutando para garantir a segurança do povo japonês.

Antes, o poeta e cantor canadense Leonard Cohen, agraciado com o Prêmio das Letras, tinha tomado a palavra e, em um discurso improvisado, revelou que o mentor de sua carreira foi um jovem espanhol que lhe ensinou a tocar violão em Montreal (Canadá), e daí vem sua gratidão à Espanha.

"Tudo o que vocês acharem positivo em minha música e minha poesia vem daí", destacou Cohen, após revelar que aprendeu violão com um espanhol em Montreal, e que se suicidou nessa cidade no início dos anos 1960.


O diretor de orquestra Riccardo Muti, Prêmio Príncipe das Astúrias das Artes 2011, também improvisou um discurso no qual contrastou a beleza e harmonia da música com um mundo que vive imerso nas lutas, guerras e ódio.

O mexicano Arturo Álvarez-Buylla, que compartilha o prêmio de Pesquisa Científica e Técnica com o norte-americano Joseph Altman e o italiano Giacomo Rizzolatti, deu um toque mais acadêmico à cerimônia, ao antecipar que a neurobiologia se encontra no início de uma verdadeira revolução conceitual.

"Após um século de trabalho intenso, estamos ainda engatinhando para entender como o cérebro é capaz de tanta maravilha", ressaltou.

Todos os que discursaram compartilharam palco com os demais agraciados: o psicólogo americano Howard Gardner (Ciências Sociais), o filantropo nova-iorquino Bill Drayton (Cooperação Internacional), o corredor etíope Haile Gebrselassie (Esportes) e a entidade britânica The Royal Society of London (Comunicação e Humanidades).


O príncipe dedicou palavras de carinho a Gebrselassie, "um ídolo para milhões de pessoas", por sua vontade, espírito de sacrifício e sensibilidade com as necessidades de seus compatriotas. Ele destacou os projetos que desenvolve para ajudar as populações mais carentes da África.

Felipe de Bourbon louvou a continuidade da "missão admirável" da Royal Society, prêmio de Comunicação e Humanidades, ao estender as fronteiras do conhecimento, e elogiou os esforços de Bill Drayton, distinto na categoria de Cooperação Internacional, para "mudar e melhorar o mundo".

O herdeiro espanhol mencionou ainda os novos caminhos abertos frente às doenças neurodegenerativas por Altman, Álvarez-Buylla e Rizzolatti, e elogiou a constância, o talento e a sinceridade com que Leonard Cohen se esforça para fazer com que a poesia e a música se transformem "em um lugar de encontro e entendimento".

Acompanhe tudo sobre:ArteEspanhaEuropaFukushimaPiigs

Mais de Mundo

Kamala e Trump dizem que estão prontos para debate e Fox News propõe programa extra

Eleições nos EUA: como interpretar as pesquisas entre Kamala e Trump desta semana?

Eventual governo de Kamala seria de continuidade na política econômica dos EUA, diz Yellen

Maduro pede voto de indecisos enquanto rival promete 'não perseguir ninguém' se for eleito

Mais na Exame