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Em novo episódio de tensão, Alemanha retira tropas de base turca

A Turquia não concorda com ações da coalizão internacional, da qual Berlim faz parte, contra o extremismo na Síria e no Iraque

Base: a transferência implicará em uma interrupção de "duas ou três semanas" nas missões do avião militar alemão de provisão (Tobias Schwarz/Reuters)

Base: a transferência implicará em uma interrupção de "duas ou três semanas" nas missões do avião militar alemão de provisão (Tobias Schwarz/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de junho de 2017 às 14h41.

O governo alemão decidiu nesta quarta-feira retirar suas tropas da base de Incirlik, na Turquia, de onde participa da coalizão antiextremista internacional, e transferir as mesmas para a Jordânia, em um novo episódio de tensão entre os dois países.

"Vamos transferir os aviões para a Jordânia", anunciou à imprensa a ministra da Defesa, Ursula Von der Leyen, após um conselho de ministros, dois dias depois de negociações improdutivas sobre a questão entre Berlim e Ancara.

A chanceler Angela Merkel quis minimizar o alcance desta decisão das relações com a Turquia, considerando que dessa forma a Alemanha coloca um ponto final na disputa.

"Vamos nos concentrar em outros temas", disse em uma coletiva em Berlim junto com seu homólogo búlgaro, Boyko Borissov. "Devemos manter o diálogo com a Turquia", acrescentou.

A Turquia decidiu na segunda-feira manter a sua proibição aos deputados alemães de chegar a esta base, onde 260 soldados da Bundeswehr participam da coalizão internacional contra o extremismo na Síria e no Iraque.

Como consequência, a Alemanha decidiu transferir os seus militares à base de Azraq, na Jordânia, para onde também levará 10.000 toneladas de material, separado em 200 contêineres, um desafio logístico do qual ainda não há detalhes.

A transferência implicará em uma interrupção de "duas ou três semanas" nas missões do avião militar alemão de provisão, e de "dois ou três meses" nas missões de reconhecimento dos aviões Tornado sobre os territórios nas mãos dos extremistas, advertiu a ministra conservadora, próxima à chanceler Angela Merkel.

Também explicou que devem entrar em um acordo com os sócios da Otan sobre a data da transferência, "para evitar qualquer prejuízo".

Aumentam as tensões

Internamente, o governo não é legalmente obrigado a consultar a Bundestag, a Câmara dos Deputados, porque o voto que autorizou a participação da Alemanha na coalizão não fala especificamente da base turca.

Entretanto, os meios de comunicação anteciparam um debate parlamentar por razões políticas, em um contexto de conflito com a Turquia. Segundo a agência alemã DPA, fala-se em uma possível "resolução" parlamentar não vinculante.

Todos os grupos parlamentares são favoráveis à retirada de Incirlik, questão que reavivou as tensões entre Ancara e Berlim, sócios dentro da Otan, mas cujas relações têm piorado desde a tentativa de golpe de Estado na Turquia em julho de 2016.

Em meados de maio, o governo turco justificou a decisão de proibir o acesso dos deputados à base porque a Alemanha teria dado asilo político a vários turcos, entre eles militares acusados pelo presidente Recep Tayyip Erdogan de envolvimento na tentativa de golpe.

No início do ano houve novas tensões quando várias cidades alemães decidiram proibir comícios políticos turcos durante a campanha do referendo de Erdogan para reforçar os seus poderes.

Também suscita tensões o caso de Deniz Yücel, um jornalista turco-alemão preso desde fevereiro na Turquia acusado de "espionagem" e atividades terroristas.

A Turquia tampouco gosta das críticas do governo alemão sobre violações aos direitos humanos, em particular depois do golpe que levou o governo a uma série de expurgos, com a detenção de 50.000 pessoas e cerca de 100.000 demissões ou suspensões.

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