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"Alerta máximo": EUA enviam navio com mísseis ao litoral da China

A marinha americana fez um trajeto perto do território da China. Governo chinês respondeu que está em "alerta máximo"

Visita da marinha americana à China em 2014: de lá para cá, desavenças entre os países se acirraram (Getty Images/Getty Images)

Visita da marinha americana à China em 2014: de lá para cá, desavenças entre os países se acirraram (Getty Images/Getty Images)

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Carolina Riveira

Publicado em 19 de agosto de 2020 às 10h11.

Última atualização em 19 de agosto de 2020 às 12h54.

As tensões entre Estados Unidos e China ganharam novo capítulo. Os Estados Unidos enviaram nesta terça-feira, 18, um navio com mísseis à região que fica perto da China e de Taiwan, território semi-autônomo chinês.

A marinha americana confirmou que o navio passou pelo local, mas disse que a ação é uma patrulha de rotina na região. A presença do navio é mostra de "compromisso com um livre e aberto Indo-Pacífico", segundo o braço da marinha americana responsável por patrulhas no Pacífico, a chamada US Pacific Fleet. Essa frente da marinha tem base no Japão, aliado dos Estados Unidos e outro rival histórico da China.

O exército chinês (o Exército de Libertação Popular, ou People's Liberation Army no termo padrão em inglês), disse na manhã desta quarta-feira, 19, que os militares estavam em "alerta máximo" para proteger o território.

O navio passou pelas águas do Estreito de Taiwan, que separa por mar o território e a China continental. A rota exata do navio não foi confirmada pelas autoridades, mas a embarcação teria passado perto de uma parte da área que é extremamente próxima da costa leste da China continental.

A China e Tawian também enviaram navios para monitorar a área no momento. O navio enviado pela China também era prepardo para a guerra e continha mísseis.

O governo de Taiwan disse que monitora a passagem de navios nas águas próximas e que soube da presença do navio americano, mas não comentou mais detalhes do caso, segundo nota publicada pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

No comunicado da marinha americana sobre o caso, os porta-vozes apontam que a marinha americana e as forças militares do país vão continuar a "navegar, velejar e operar em qualquer lugar que a lei internacional autorize".

A briga pelo mar

A região do Indo-Pacífico é palco de desavenças geopolíticas há um século. Agora, com as disputas geopolíticas da última década, analistas já afirmam que os avanços do embate entre China e EUA na região, que inclui o território do Mar do Sul da China, poderiam levar a uma "nova Guerra Fria".

Por isso, qualquer trânsito de navios em determinados locais na área, como o que aconteceu nesta semana, é visto com desconfiança.

Estreito de Taiwan: faixa entre a ilha e a China é palco de desavenças geopolíticas (Gallo Images / Orbital Horizon/Copernicus Sentinel Data 2019/Getty Images)

O presidente Donald Trump vem se aproximando dos aliados na região para garantir presença dos EUA naquele ponto, a contragosto da China, governada pelo presidente Xi Jinping. Entram na briga países da região como Japão, Austrália e Índia, aliados americanos que temem um amplo controle da China no local.

Em visita do premiê da Índia, Narenda Modi a Donald Trump na Casa Branca em 2017, os dois líderes divulgaram comunicado afirmando que a parceria no Indo-Pacífico era essencial para estabilidade na região.

Em 2019, o Departamento de Estado americano também publicou um documento falando novamente sobre o conceito de um "Indo-Pacífico livre e aberto" e que esse ideal deveria ser buscado pelos EUA e seus três países parceiros.

China e Estados Unidos estão envoltos em uma complexa guerra comercial que se intensificou nos últimos três anos. Os países implementaram uma série de tarifas de importação em produtos de nacionalidade do rival, e não conseguem chegar a um acordo comercial. A pandemia do novo coronavírus dificultou as conversas, com o presidente americano Donald Trump tendo repetidas vezes chamado o coronavírus de "vírus chinês" pela pandemia ter começado em Wuhan, na China.

Os últimos episódios da desavença entre os países envolvem ainda empresas nacionais. Os EUA baniram a Huawei, fabricante de componentes de tecnologia, e fazem lobby para que países aliados não usem os serviços de 5G da companhia chinesa. Mais recentemente, outra empresa a entrar na mira de Trump foi o TikTok, que pertence à chinesa ByteDance e virou febre global entre adolescentes. O presidente americano quer que os chineses vendam o TikTok para uma outra companhia, de preferência americana. Nomes como Microsoft e Twitter são cotados.

A China se tornou nas últimas duas décadas a segunda maior economia do mundo, com empresas se tornando gigantes em escala global. A China vem se tornando uma das principais parceiras comerciais de uma série de países antes sob influência dos EUA -- no Brasil, a China passou os EUA em 2009 e já é a maior parceira comercial.

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