O ex-presidente dos EUA, Donald Trump afirmou ter combinado com redes de televisão três datas para debates com a candidata democrata à Presidência, Kamala Harris, já em setembro, e que cabe à campanha da vice-presidente concordar ou não. As declarações, feitas durante uma entrevista coletiva em seu resort de Mar-a-Lago, no estado da Flórida, ocorrem em um momento peculiar da corrida eleitoral, com os democratas em uma espécie de renascimento após a definição da chapa, e os republicanos tentando calibrar seus argumentos para a reta final até novembro.
O ex-presidente propôs três debates: 4 de setembro, na Fox, 10 de setembro, na NBC, e 25 de setembro, na ABC — um assessor de Trump afirmou à CNN que ele se confundiu, e as datas na verdade são 4 de setembro na Fox, 10 de setembro na ABC, e 25 de setembro na NBC.
Enquanto Trump falava, o chefe do escritório de Washington da ABC, Rick Klein, confirmou que as duas campanhas concordaram com o duelo no dia 10 do mês que vem, que havia sido acertado quando Joe Biden ainda estava na disputa. Na semana passada, o republicano disse que não participaria mais desse debate, e propôs um novo dia, 4 de setembro, na Fox News, com âncoras e regras escolhidos por ele. Desta vez, foi Kamala quem não aceitou. A NBC ainda não se pronunciou.
— O outro lado tem que concordar com os termos. Eles podem concordar ou não — afirmou. — Espero que aceite.
A campanha de Kamala Harris não respondeu sobre o debate na NBC. O republicano revelou ainda negociar um debate entre os candidatos a vice-presidente, organizado pela rede CBS.
Na abertura da coletiva, que em boa parte se assemelhou a um evento de campanha, Trump afirmou que o país vive um momento perigoso, sugerindo que os EUA e o mundo poderão enfrentar uma depressão econômica similar à de 1929 caso seja derrotado. Ele chamou Kamala Harris de "radical de esquerda", repetindo ataques realizados em discursos e publicações na internet, e dizendo que seu histórico como política "é horrível".
— Nos deram Joe Biden, e agora nos deram outra pessoa. E eu acho, francamente, que eu preferiria estar concorrendo contra outra pessoa — disse Trump, se referindo a Kamala. — E acho que ela é pior do que Biden.
Trump disse, como o fez em várias ocasiões, que os ataques do grupo terrorista Hamas em Israel e a invasão russa da Ucrânia não aconteceriam se ele estivesse no poder. E que qualquer judeu que considere votar em Kamala Harris e Tim Walz em novembro "deveria ter sua cabeça examinada". A declaração foi feita algumas vezes em discursos do republicano, e em abril, a campanha democrata afirmou que "os judeus americanos não precisam ser ‘representados’ ou ameaçados por Donald Trump".
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Nascida em 20 de outubro de 1964, em Oakland, Califórnia, Kamala é filha de imigrantes.
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Sua mãe, Shyamala Gopalan, é uma pesquisadora indiana. Seu pai, um economista jamaicano.
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Formou-se em Ciências Políticas e Economia pela Universidade Howard, uma das mais prestigiadas universidades historicamente negras dos EUA.
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Depois obteve seu diploma de Direito pela Universidade da Califórnia, Hastings.
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Sua carreira começou em 1990, quando se tornou promotora no condado de Alameda, na Califórnia.
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Em 2003, ela foi eleita procuradora-distrital de São Francisco.
(Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, durante evento em junho de 2021)
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Poucos anos mais tarde, em 2010, foi eleita procuradora-geral da Califórnia.
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A carreira política despontou a partir de 2017, como estrela em ascensão do Partido Democrata após ser eleita senadora na Califórnia.
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Quase imediatamente, ela fez seu nome em Washington com seu estilo incisivo em audiências no Senado.
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Com boa performance em debates, inclusive contra o próprio Biden, Harris ganhou destaque entre progressistas.
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Quando Biden foi escolhido, ele iniciou o processo de seleção de um companheiro de chapa, com um foco explícito em escolher uma mulher, preferencialmente negra, para refletir a diversidade do partido e do país.
(A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, realiza uma reunião com legisladoras estaduais latinas para discutir o fortalecimento e a proteção dos direitos reprodutivos em seus estados em Washington em 2022)
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Harris estava entre os principais nomes considerados, junto com outras figuras de destaque do partido, como Elizabeth Warren e Stacey Abrams.
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Enfim, em agosto de 2020, Biden a escolheu como sua companheira de chapa, numa decisão histórica e simbólica.
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Sobre o convite, Harris afirmou que estava "incrivelmente honrada e pronta para trabalhar".
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Ao ser questionado sobre a declaração de Biden, em entrevista à CBS na quarta-feira, de que não acreditava em uma transferência pacífica de poder em novembro, o republicano disse que não haverá problemas, desde que a eleição seja "justa" — minutos antes, ele havia questionado, mais uma vez, a derrota na Geórgia em 2020 para Biden.
— Tudo o que queremos são eleições honestas. Se tivermos eleições honestas na Geórgia, venceremos por muito — afirmou, sem se referir à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, promovida por seus apoiadores e cujas investigações foram boicotadas pelo Partido Republicano no Congresso, por pressão do ex-presidente.
A decisão de Trump de realizar uma entrevista coletiva e anunciar debates se encaixa em uma estratégia da campanha de forçar declarações sem script de Kamala Harris. Na quarta-feira, antes de um comício no Wisconsin, o vice republicano, J.D. Vance, passou perto do avião da vice-presidente, e disse aos jornalistas que a aguardavam que era "desrespeitoso" ela não conceder mais entrevistas. Segundo assessores de campanha republicanos, Kamala é conhecida por seus deslizes diante das câmeras, e poderia abrir flancos para ataques.
— Ela não deu uma entrevista. Ela não consegue dar uma entrevista. Ela é pouco competente e não consegue dar uma entrevista, mas estou ansioso pelos debates porque acho que temos que deixar as coisas claras. — disse o ex-presidente.
Nesta quinta, antes de confirmar a conversa em Mar-a-Lago, Trump disse em sua rede social, o Truth Social, que "Kamala se recusa a dar entrevistas porque sua equipe percebe que ela é incapaz de responder perguntas, assim como Biden não foi capaz de responder perguntas, mas por razões diferentes", antes de chamá-la de "incompetente". Kamala ainda não falou com a imprensa desde sua confirmação como candidata à Casa Branca.
Depois de um mês de julho intenso e perigoso, quando quase foi morto em um comício na Pensilvânia, anunciou seu candidato a vice, J.D. Vance, e consolidou seu domínio sobre o Partido Republicano, Trump se vê diante de uma nova adversária, a vice-presidente, Kamala Harris, que já partiu para o ataque. Nos comícios, ela o apresenta como um risco às liberdades individuais dos americanos, citando posições dúbias em temas como o aborto. Seu vice, Tim Walz, adotou uma linha similar: em discurso no Wisconsin, na quarta-feira, disse que o republicano quer "semear o caos e a divisão entre as pessoas", e que vê o mundo "de forma diferente" das demais pessoas.
O entusiasmo democrata, que contrasta com o derrotismo do partido no começo de julho, diante da campanha cambaleante de Joe Biden — que posteriormente desistiu da reeleição —, se mostra em discursos lotados, multidões em êxtase e nas centenas de milhões de dólares arrecadados desde a mudança na chapa. No dia 19, o partido se reunirá em Chicago para a Convenção Nacional que consolidará um apoio já quase uniforme a Kamala Harris e Tim Walz, dando início à reta final de uma disputa que, como mostram as pesquisas, será decidida voto a voto.
De acordo com a média das pesquisas nacionais, elaborada pelo site RealClearPolling, Harris tem vantagem de 0,5 ponto percentual sobre Trump — como os EUA usam o sistema de colégio eleitoral, onde as votações estaduais são as que "valem" no final, esse tipo de sondagem serve como um termômetro do eleitorado. Até o dia 4 de agosto, era Trump que liderava a média.
Nas pesquisas nos chamados estados pêndulo, que não têm tendência histórica definida, Trump ainda tem vantagem em locais como o Arizona e a Geórgia, mas já aparece atrás no Wisconsin e no Michigan. No começo do ano, o republicano tinha vantagem, até folgada, em praticamente todos esses estados, que normalmente são os que decidem a eleição, e onde os candidatos devem concentrar boa parte de suas forças e recursos até novembro.
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Donald Trump é retirado de comício após som de tiros em Butler, Pensilvânia
(Donald Trump é retirado de comício após som de tiros em Butler, Pensilvânia)
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O Serviço Secreto atende o candidato republicano à presidência e ex-presidente Donald Trump no palco após ele ter sido atingido de raspão por uma bala em um comício em 13 de julho de 2024, em Butler, Pensilvânia.
(O Serviço Secreto atende o candidato republicano à presidência e ex-presidente Donald Trump no palco após ele ter sido atingido de raspão por uma bala em um comício em 13 de julho de 2024, em Butler, Pensilvânia.)
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Donald Trump é retirado de comício após som de tiros em Butler, Pensilvânia
(Donald Trump é retirado de comício após som de tiros em Butler, Pensilvânia)
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Um membro do Serviço Secreto e a multidão são vistos no comício do ex-candidato presidencial republicano Donald Trump, em Butler, na Pensilvânia
(Donald Trump realiza um comício de campanha em Butler, Pensilvânia)
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As pessoas reagem ao telefone dentro do Fórum Fiserv, depois de ouvirem que Donald Trump foi evacuado do palco de seu comício na Pensilvânia após o que pareceram ser tiros, em Milwaukee, Wisconsin
(As pessoas reagem ao telefone dentro do Fórum Fiserv, depois de ouvirem que Donald Trump foi evacuado do palco de seu comício na Pensilvânia após o que pareceram ser tiros, em Milwaukee, Wisconsin)
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Policiais se movem durante um comício em 13 de julho de 2024 em Butler, Pensilvânia
(Policiais se movem durante um comício em 13 de julho de 2024 em Butler, Pensilvânia)
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O ex-candidato presidencial republicano, Donald Trump, é levado para fora do palco durante um comício em Butler, Pensilvânia
(O ex-candidato presidencial republicano, Donald Trump, é levado para fora do palco durante um comício em Butler, Pensilvânia)
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O candidato republicano à presidência e ex-presidente Donald Trump ergue o punho enquanto é rapidamente conduzido para o carro após um incidente em um comício em 13 de julho de 2024, em Butler, Pensilvânia.
(O candidato republicano à presidência e ex-presidente Donald Trump ergue o punho enquanto é rapidamente conduzido para o carro após um incidente em um comício em 13 de julho de 2024, em Butler, Pensilvânia.)
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O candidato republicano Donald Trump é visto com sangue no rosto, cercado por agentes do Serviço Secreto, enquanto é retirado do palco em um evento de campanha na Butler Farm Show Inc., em Butler, Pensilvânia, em 13 de julho de 2024
(O candidato republicano Donald Trump é visto com sangue no rosto, cercado por agentes do Serviço Secreto, enquanto é retirado do palco em um evento de campanha na Butler Farm Show Inc., em Butler, Pensilvânia, em 13 de julho de 2024)
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O candidato republicano Donald Trump é visto com sangue no rosto, cercado por agentes do Serviço Secreto, enquanto é retirado do palco em um evento de campanha na Butler Farm Show Inc., em Butler, Pensilvânia, em 13 de julho de 2024. Trump was bundled into an SUV and driven away. (Photo by Rebecca DROKE / AFP)
(O candidato republicano Donald Trump é visto com sangue no rosto, cercado por agentes do Serviço Secreto, enquanto é retirado do palco em um evento de campanha na Butler Farm Show Inc., em Butler, Pensilvânia, em 13 de julho de 2024.)
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O candidato republicano Donald Trump é visto com sangue no rosto, cercado por agentes do Serviço Secreto, enquanto é retirado do palco em um evento de campanha na Butler Farm Show Inc., em Butler, Pensilvânia, em 13 de julho de 2024.
(O candidato republicano Donald Trump é visto com sangue no rosto, cercado por agentes do Serviço Secreto, enquanto é retirado do palco em um evento de campanha na Butler Farm Show Inc., em Butler, Pensilvânia, em 13 de julho de 2024.)
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Uma pessoa é removida pela polícia estadual das arquibancadas após disparos de armas contra o candidato republicano Donald Trump em um evento de campanha na Butler Farm Show Inc., em Butler, Pensilvânia, em 13 de julho de 2024Trump was bundled into an SUV and driven away. (Photo by Rebecca DROKE / AFP)
(Uma pessoa é removida pela polícia estadual das arquibancadas após disparos de armas contra o candidato republicano Donald Trump em um evento de campanha na Butler Farm Show Inc., em Butler, Pensilvânia, em 13 de julho de 2024)
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Donald Trump é retirado de comício após som de tiros em Butler, Pensilvânia
(Donald Trump é retirado de comício após som de tiros em Butler, Pensilvânia)
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Público reage após Donald Trump ser retirado de comício após atentado com tiros em Butler, Pensilvânia
(Público reage após Donald Trump ser retirado de comício após atentado com tiros em Butler, Pensilvânia)
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Agentes da lei reagem após disparos no comício do candidato republicano à presidência e ex-presidente Donald Trump em 13 de julho de 2024, em Butler, Pensilvânia.
(Agentes da lei reagem após disparos no comício do candidato republicano à presidência e ex-presidente Donald Trump em 13 de julho de 2024, em Butler, Pensilvânia.)
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Público reage após Donald Trump ser retirado de comício após atentado com tiros em Butler, Pensilvânia
(Público reage após Donald Trump ser retirado de comício após atentado com tiros em Butler, Pensilvânia)
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Donald Trump é retirado de comício após som de tiros em Butler, Pensilvânia
(Donald Trump é retirado de comício após som de tiros em Butler, Pensilvânia)