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Em meio a forte conservadorismo, Sarajevo recebe a 1ª parada gay da Bósnia

Bósnia-Herzegovina era a única república ex-iugoslava que nunca havia realizado uma manifestação em defesa dos direitos LGBT

Sarajevo organiza sua primeira parada gay: evento ocorre em meio a fortes medidas de segurança, com cerca de 1.200 policiais mobilizados (Dado Ruvic/Reuters)

Sarajevo organiza sua primeira parada gay: evento ocorre em meio a fortes medidas de segurança, com cerca de 1.200 policiais mobilizados (Dado Ruvic/Reuters)

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EFE

Publicado em 8 de setembro de 2019 às 17h38.

Sarajevo - Ainda marcada pela guerra étnica entre muçulmanos, sérvios e croatas de 1992 a 1995, que deixou cerca de 100 mil mortos, a Bósnia-Herzegovina é a única república ex-iugoslava que nunca realizou uma manifestação em defesa dos direitos LGBT, o que mudará neste domingo, com a primeira parada gay de Sarajevo.

Rodeado de grande expectativa, o evento ocorrerá em meio a fortes medidas de segurança, com cerca de 1.200 policiais mobilizados pelas ruas da capital. Por causa do desfile, associações religiosas e conservadoras realizaram no sábado várias manifestações contra o ato, uma delas chamada "Dia da família tradicional".

A Bósnia é um país de 4 milhões de habitantes, um dos mais pobres da Europa, com um delicado equilíbrio étnico formado por uma maioria de muçulmanos (51%), além dos sérvios (ortodoxos, 31%) e croatas (católicos, 15%).

"Nunca vamos permitir que nos imponham um modo de vida e costumes alheios ao nosso povo e o nosso país", afirmou a associação islâmica Svjetlo (Luz).

Representantes da comunidade internacional pediram que as autoridades bósnias adotem as medidas necessárias para que a manifestação ocorra sem violência.

Em comunicado, o Escritório do Alto Representante Internacional para a Bósnia-Herzegovina (OHR) contempla o desfile deste domingo "como exemplo da liberdade de expressão e da reunião pacífica, que são direitos básicos garantidos pela Constituição" do país.

"Não há razão para que a Bósnia-Herzegovina seja o único país da região em que a comunidade LGBT não esteja em condições de celebrar uma congregação pacífica", acrescentou a nota.

A comissária de Direitos Humanos do Conselho da Europa, Dunja Mijatovic, que é oriunda de Sarajevo, pediu na sexta-feira para que as autoridades bósnias "tomem todas as medidas necessárias para fazer possível um desfile em paz e segurança".

O comitê organizador do desfile garante que desde abril, quando anunciou a parada, existem pressões políticas e outros fatores para impedir a organização do evento, além de várias mensagens de ódio.

Por exemplo, em todas as mesquitas da Bósnia foi lida na sexta-feira uma proclamação do Conselho de Muftis que classifica a homossexualidade um "grande pecado", logo a proíbe.

A Igreja Católica da Bósnia comunicou que o desfile deste domingo é "uma vergonha para Sarajevo", embora tenha reconhecido que "será uma vergonha ainda maior" se houver vítimas "em desordens que o mesmo possa provocar".

A legislação da Bósnia garante a proteção dos direitos humanos aos homossexuais, mas, segundo ONGs, nos últimos dois anos dezenas de agressões homofóbicas não tiveram a reação adequada das autoridades.

Na vizinha Sérvia, em 2010 foi realizada a primeira parada do orgulho gay em Belgrado, que terminou com graves distúrbios causados por manifestantes homofóbicos, que resultaram em dezenas de feridos e detidos. EFE

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