Soldados na Ucrânia (Alexey Furman/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 29 de junho de 2023 às 12h49.
Os mercenários do grupo Wagner não irão mais participar do conflito contra a Ucrânia, depois que o líder do grupo, Yevgeny Prigozhin, se recusou a assinar um contrato com o Ministério da Defesa da Rússia. A decisão foi anunciada pelo presidente do Comitê de Defesa da Duma Estatal, Andrey Kartapolov, nesta quinta-feira, 28, de acordo com a Tass, agência de notícias estatal da Rússia.
O contrato com o ministério deveria ser assinado por "todos os grupos e unidades que executam tarefas de combate", de acordo com Kartapolov. Segundo a Tass, no dia 10 de junho, o Ministério da Defesa da Rússia disse que, para aumentar a eficácia das unidades voluntárias no grupo combinado de forças, o ministro da Defesa da Rússia, Sergey Shoigu, assinou uma ordem estabelecendo o procedimento para organizar as atividades de rotina dos grupos de voluntários.
Esse documento estabelecia que os voluntários precisariam assinar contratos até 1º de julho. Além disso, isso garantiria abordagens uniformes para a organização de suprimentos e execução de tarefas. Por Prigozhin não concordar em assinar o documento, o grupo "não participaria da operação militar especial. Em outras palavras, não haverá financiamento ou suprimentos, disse Kartapolov. "Todos começaram a executar esta decisão, absolutamente correta. Todos, exceto o Sr. Prigozhin", observou.
O líder da milícia Wagner acusou na sexta-feira, 23, o Exército de Moscou de bombardear suas bases e convocou a população a se revoltar contra o comando militar.
O Exército negou as acusações, que chamou de "provocação", enquanto os serviços de segurança russos abriram uma investigação contra Yevgeny Prigozhin, por tentativa de motim.
A tensão ocorreu em meio à contraofensiva das tropas ucranianas para reconquistar territórios tomados pela Rússia desde o início da intervenção militar, em fevereiro de 2022.
Horas antes do surgimento da crise, Prigozhin afirmou que o Exército russo estava "se retirando" no leste e sul da Ucrânia, contradizendo as afirmações do Kremlin, que afirma que a contraofensiva de Kiev fracassa. "As Forças Armadas ucranianas estão fazendo as tropas russas recuarem", declarou, em entrevista publicada no aplicativo Telegram por seu serviço de imprensa.
"Não há controle algum, não há vitórias militares" de Moscou, insistiu Prigozhin, acrescentando que os militares russos "se banham em seu sangue", referindo-se às grandes perdas sofridas pelas tropas regulares. Putin e seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, afirmam, por sua vez, que o Exército está "repelindo" todos os ataques ucranianos.
Fundado em 2014, o Wagner é um grupo paramilitar privado de mercenários composto de ex-soldados, prisioneiros e civis russos e estrangeiros. O líder da equipe de elite é o oligarca Yevgeny Prigozhin, com forte ligação ao Kremlin. As primeiras missões do grupo ocorreram em Donbass, no leste da Ucrânia, e na península da Crimeia, quando os mercenários ajudaram as forças separatistas a tomar a região.
Durante anos, Prigojin fez trabalho clandestino para o Kremlin, enviando mercenários de seu grupo privado para lutar em conflitos no Oriente Médio e na África, sempre negando qualquer envolvimento. Com a guerra na Ucrânia, Putin utilizou os mercenários no conflito. Segundo estimativas, os paramilitares têm mais de 20 mil soldados na guerra da Ucrânia.
O líder, Yevgeny Prigozhin, afirmou que 25 mil soldados estão prontos para derrubar o ministro da defesa russo.
Prigojin nasceu em São Petersburgo em 1961 e foi preso por cometer pequenos delitos na adolescência e foi condenado por quase dez anos. Quando saiu da prisão, ele e sua mãe começaram a vender cachorro-quente e depois abriram um restaurante, foi quando ele conheceu Vladimir Putin. Ele se tornou um oligarca rico após conseguir contratos lucrativos de refeições com o com o Kremlin, o ficou conhecido como o “chef de Putin”.
Ele virou um combatente de guerra após os movimentos separatistas apoiados pela Rússia em 2014 no Donbass, no leste da Ucrânia. Prigojin fundou o grupo Wagner para ser um grupo paramilitar que lutaria em qualquer causa apoiada pela Rússia, em qualquer lugar do mundo.
Prigozhin ganhou influência política e se lançou em um confronto com autoridades políticas e militares que parece ter ido além da retórica.