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Em busca de 'soberania digital', Rússia vai gastar R$ 3,6 bilhões para bloquear VPNs

Em meio a guerra contra a Ucrânia, governo russo investe em tecnologia para filtrar e restringir o acesso à internet no país

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 10 de setembro de 2024 às 09h54.

Última atualização em 10 de setembro de 2024 às 11h19.

A agência de comunicação da Rússia, Roskomnadzor, planeja investir 59 bilhões de rublos (equivalente a R$ 3,6 bilhões) nos próximos cinco anos para melhorar sua capacidade de filtrar o tráfego da internet e bloquear o uso de redes privadas virtuais (VPNs). As informações são da Bloomberg.

O valor será destinado à compra de novos equipamentos e à atualização de hardware utilizado para monitorar e restringir o acesso a determinados recursos da internet, citando documentos oficiais. As atualizações visam reforçar o controle sobre as redes no país, especialmente diante do aumento do uso de VPNs por parte dos cidadãos russos.

Censura na internet

Desde 2019, a Rússia adotou uma legislação que permite ao país isolar-se completamente da internet global, em uma medida descrita pelo governo como parte de sua campanha para manter a "soberania digital". No entanto, com a invasão da Ucrânia em larga escala, iniciada em 2022, o Kremlin intensificou os esforços para bloquear o acesso a plataformas e serviços estrangeiros. Grandes redes sociais e empresas de internet, como Facebook, Twitter e Instagram, foram forçadas a encerrar suas operações no país. Mesmo assim, muitos russos continuam acessando esses serviços por meio de VPNs, que mascaram a localização do usuário e permitem a navegação em sites bloqueados.

O plano de modernização da infraestrutura de censura digital da Rússia visa justamente dificultar o uso de VPNs. De acordo com os documentos, o objetivo é que a nova tecnologia permita às autoridades restringir o uso dessas ferramentas de forma mais eficaz, bloqueando o tráfego e os recursos que facilitam a evasão dos controles governamentais.

Expansão do controle e monitoramento

Desde 2020, Roskomnadzor tem adquirido equipamentos anualmente para lidar com o aumento do tráfego de internet na Rússia. A agência afirmou à Forbes que essa aquisição constante é essencial para manter o controle sobre a rede à medida que o volume de dados cresce.

A censura digital russa está se tornando uma das mais rigorosas do mundo, com o governo monitorando e filtrando o tráfego da internet dentro do país, além de punir usuários e empresas que tentam contornar as regras. Segundo especialistas, a repressão ao uso de VPNs é uma tentativa de bloquear as ferramentas que têm permitido a muitos cidadãos russos acessar informações e serviços fora do alcance da censura estatal.

Além disso, o plano de investimento na filtragem de tráfego pode aumentar o isolamento digital da Rússia em relação ao resto do mundo, limitando ainda mais o acesso da população a conteúdos estrangeiros e fortalecendo a narrativa controlada pelo governo sobre questões políticas e sociais.

Enquanto a Rússia intensifica seu controle sobre a internet, outros países, como os Estados Unidos, discutem maneiras de ajudar os cidadãos russos a contornar essas restrições. Recentemente, o governo Biden sediou uma reunião com representantes de grandes empresas de tecnologia, incluindo Amazon, Google (da Alphabet) e Microsoft, para discutir o desenvolvimento de ferramentas de evasão de censura na internet financiadas pelo governo norte-americano.

Essas ferramentas visam proporcionar aos usuários em países com regimes autoritários, como a Rússia, o acesso a informações livres de censura. A iniciativa destaca a crescente batalha entre governos que buscam controlar o fluxo de informações e empresas e organizações que trabalham para garantir o acesso livre e irrestrito à internet.

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