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Eleições no Irã: baixa participação de eleitores preocupa no 2º turno

Primeiro turno teve a menor participação eleitoral desde 1979

Mulher vota em seção eleitoral nesta sexta na capital Teerã ((Photo by ATTA KENARE / AFP))

Mulher vota em seção eleitoral nesta sexta na capital Teerã ((Photo by ATTA KENARE / AFP))

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 5 de julho de 2024 às 08h50.

Última atualização em 5 de julho de 2024 às 10h29.

A votação para o segundo turno das eleições no Irã foi aberta nesta sexta-feira, 5. Dois candidatos estão na disputa: o reformista Masud Pezeshkian e o ultraconservador Said Jalili

Cerca de 58 mil mesas de votação abriram suas portas às 8h  (1h30 de Brasília) e ficarão abertas até às 18h (11h30) em todo o país, onde vivem mais de 61 milhões de pessoas, segundo a agência de notícias IRNA. No entanto, as autoridades geralmente estendem o período de votação até meia-noite.

O primeiro turno foi marcado pela participação mais baixa da população em uma eleição desde a Revolução Islâmica, em 1979. Dos 61 milhões de eleitores convocados às urnas na sexta-feira passada, apenas 40% votaram. Alguns opositores, especialmente da diáspora iraniana, apelaram ao boicote das eleições.

O líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, o cargo mais importante na estrutura política e religiosa da República Islâmica, pediu à população que participe da votação e reconheceu que a participação na eleição até agora "foi menor do que o esperado", mesmo que isso, para ele, não signifique um protesto silencioso contra o establishment de Teerã.

A maioria dos iranianos está desiludida com o país. Primeiro, pela pela forma como o governo lidou com os após protestos violentos que duraram meses em 2022 e 2023. E depois, por causa da difícil situação econômica - o Irã tem umas das taxas de inflação mais elevadas do mundo, beira os 40% anuais.

Como foi no primeiro turno

Dos 24,54 milhões de votos apurados no primeiro turno, o ex-ministro da Saúde Masud Pezeshkian obteve 10,41 milhões, 42% dos votos, e Said Jalili, que participou das negociações internacionais sobre o programa nuclear iraniano, 9,47 milhões - 38%.

Das 14 eleições presidenciais realizadas desde 1979, apenas uma foi decidida em segundo turno até agora, em 2005.

Durante as eleições presidenciais de 2021, nas quais nenhum candidato reformista ou moderado foi autorizado, a taxa de abstenção atingiu 51%, que era o recorde até o momento. As eleições tiveram que ser organizadas às pressas após a morte do presidente Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero em 19 de maio.

Estas eleições chamam a atenção internacional porque o Irã, um ator importante no Oriente Médio, está no centro de várias crises, desde a guerra em Gaza até a questão do seu programa nuclear.

Quem são os candidatos

Masoud Pezeshkian

Único candidato moderado autorizado a concorrer, já foi ministro da Saúde e congressista de longa data que obteve o apoio de antigos presidentes e de outras figuras reformistas do país. Pezeshkian não era conhecido do público até 2001 e a formação do segundo gabinete do ex-presidente Mohammad Khatami.  Naquela época, notou-se que ele se diferenciava dos demais ministros na aparência e no comportamento pessoal, inclusive no estilo de não usar terno.

Numa reunião que destacou o seu espírito combativo, Massoud Pezeshkian, na qualidade de Ministro da Saúde, comentou: "Quando eu era estudante, dava uma bofetada no reitor da universidade. Quando me tornei reitor da universidade, dava uma bofetada no presidente. Agora que vou me tornar ministro, darei um tapa na cara de Clinton."

Esta declaração gerou inúmeras piadas entre os membros do parlamento. Ele enfrentou um processo de impeachment devido a problemas com nomeações, políticas sobre medicamentos, tarifas médicas e viagens ao exterior.

Saeed Jalili

Membro da linha-dura do Conselho Supremo de Segurança Nacional, quer a presidência depois de inúmeras tentativas fracassadas, tal como Ghalibaf. Foi negociador-chefe de Teerã na ONU a respeito das questões nucleares. Jalili também aposta na aliança com China e Rússia, batendo de frente com os EUA.

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