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Eleições no Equador: 2º turno tem disputa acirrada entre milionário e candidata de esquerda

Corrida eleitoral foi marcada por assassinato de candidato às vésperas do primeiro turno

Candidatos à Presidência do Equador: 2º turno é disputado entre Luisa González e Daniel Noboa (AFP/AFP)

Candidatos à Presidência do Equador: 2º turno é disputado entre Luisa González e Daniel Noboa (AFP/AFP)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 15 de outubro de 2023 às 06h00.

A eleição para o próximo presidente do Equador será realizada neste  domingo (15), em uma disputa acirrada entre uma candidata de esquerda e um milionário 'outsider', para governar por um curto período este país dividido, ameaçado pelo narcotráfico e que foi marcada pelo assassinato de um candidato.

Luisa González, apoiada pelo ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), e Daniel Noboa, autoproclamado de centro-esquerda e filho de um dos homens mais ricos do Equador, enfrentarão um segundo turno incomum - marcado por violência e instabilidade política.

"Há um contexto que torna esta eleição particular, na verdade, é absolutamente inédita no Equador", explicou à AFP o especialista Pablo Medina, da Universidade San Francisco.

A crise institucional que resultou na dissolução do Congresso e na saída antecipada do conservador Guillermo Lasso se somou a uma violência implacável que atinge o país e matou a tiros um dos candidatos favoritos à presidência, às vésperas do primeiro turno.

Embora as pesquisas de opinião estejam proibidas no momento, várias empresas preveem um empate entre Noboa e González, com grande crescimento do milionário após o primeiro turno em 20 de agosto, quando obteve 23% dos votos frente aos 34% de González.

Independentemente do vencedor, o país marcará a história com seu novo líder: Noboa, aos 35 anos e apoiado por forças de direita, seria o presidente mais jovem da história do Equador, enquanto González, aos 45 anos, seria a primeira mulher eleita por voto popular.

A vitória de González também significaria o retorno indireto de Rafael Correa, atualmente no exílio e condenado a oito anos de prisão por corrupção.

Os equatorianos irão às urnas no domingo sob um clima de medo, devido à violência provocada por diversos grupos do narcotráfico com alcance internacional. Só neste ano, cerca de 3.600 pessoas já foram mortas, de acordo com o Observatório Equatoriano do Crime Organizado.

Cerca de 13,4 milhões dos 16,9 milhões de equatorianos são obrigados a votar entre as 7h e 17h locais (9h e 19h no horário de Brasília), para escolher um líder presidencial em um país polarizado, mas que clama por mudanças após o impopular governo de Lasso.

Fernando Villavicencio durante campanha eleitoral no Equador; ele foi assassinado dias antes da votação do 1º turno (Rodrigo BUENDIA / AFP/Getty Images)

Narcotráfico impacta eleição do Equador

O Equador encerrou na quinta-feira (12) uma campanha eleitoral marcada pela violência que custou a vida de oito políticos no último ano, entre eles um prefeito, dois vereadores municipais, um candidato a deputado e um líder local ligado ao correísmo.

O medo aumentou durante o final da campanha, abalada pelos assassinatos do candidato Fernando Villavicencio, em 9 de agosto, e de sete prisioneiros envolvidos no crime.

Noboa e González compareceram a comícios protegidos por esquemas de segurança robustos e coletes à prova de balas. Os jornalistas que cobrem as eleições também se deslocam protegidos e em veículos blindados em meio a um estado de exceção.

O novo presidente assumirá o cargo em dezembro, para completar o mandato inacabado de Lasso, e governará até maio de 2025. A lei permite que ele se candidate nas próximas eleições (2025-2029) e a uma possível reeleição (2029-2033).

Em uma nação onde a reeleição é permitida apenas uma vez, abre-se uma possibilidade incomum de estender o mandato - algo que moldará o estilo do próximo governo, explicam os especialistas.

O vencedor "ficará praticamente o tempo todo em campanha, ou seja, se promovendo para chegar a 2025, e isso desperta muitos desafios de governabilidade, mas também de expectativas das pessoas", acrescentou Medina.

Com AFP.

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