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Eleições no Afeganistão são marcadas por tensão e violência

Quarta eleição presidencial do país tem disputa intensa entre 18 candidatos

Afeganistão: terrorismo e fraudes causam problemas nas eleições do país (Parwiz/Reuters)

Afeganistão: terrorismo e fraudes causam problemas nas eleições do país (Parwiz/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de setembro de 2019 às 09h27.

São Paulo – Os afegãos votam neste sábado (28) para eleger seu presidente em eleições ameaçadas por fraudes, abstenções e atentados, que já causaram um morto e mais de 15 feridos.

A votação acontece enquanto as discussões entre o Talibã e os Estados Unidos estão estagnadas, distanciando a perspectiva de um diálogo entre o governo e os insurgentes para alcançar a paz.

O Talibã lançou advertências aos cerca de 9,6 milhões de eleitores, numa tentativa de dissuadi-los de ir às urnas. Na quinta-feira, afirmou que seus combatentes vão atacar os "escritórios e centros [de votação]".

O balanço da violência no início desta tarde é de um morto e dois feridos em um ataque em Jalalabad (leste) e outros 15 feridos em um atentado perto de um centro de votação em Kandahar, no sul. Também foram cometidos outros ataques com granadas e bombas que não causaram baixas, informaram as autoridades locais.

O ministério do Interior anunciou o envio de 72 mil homens para monitorar os quase 5 mil centros eleitorais em todo o país, que abriram às 7h (23h30 de sexta-feira no horário de Brasília) e que devem fechar às 15h.

Além disso, desde quarta-feira à noite, todos os caminhões e vans estão proibidos de entrar na capital para evitar atentados com veículos.

"Sei que existem ameaças, mas as bombas e ataques fazem parte do nosso dia-a-dia", disse à AFP Mohuiudin, eleitor de 55 anos em Cabul. "Não tenho medo, se queremos mudar nossas vidas, temos que votar".

A campanha eleitoral começou no final de julho marcada por um atentado que deixou 20 mortos. Desde então, mais de 100 pessoas morreram, vítimas de ataques reivindicados pelo Talibã.

Quarta eleição presidencial

Esta é a quarta eleição presidencial da história do país, desde a realizada em 2004.

Dezoito candidatos aspiram a tornar-se chefe de Estado com um mandato de cinco anos, mas o atual presidente, Ashraf Ghani, e seu primeiro-ministro Abdullah Abdullah se destacam como favoritos.

Após votar, o presidente declarou que "essa eleição abrirá o caminho para avançarmos em direção à paz com verdadeira legitimidade".

Ghani está confiante de que uma reeleição o tornará um interlocutor indispensável para negociar com o Talibã, que até o momento se recusou a dialogar por considerá-lo um "fantoche" de Washington.

Ghani e Abdullah Abdullah já se enfrentaram em 2014, numa votação marcada por irregularidades tão graves que os Estados Unidos impuseram a criação do cargo de Abdullah, que terminou em segundo.

As autoridades afegãs asseguraram que tomaram as medidas necessárias para evitar fraudes, empregando toda uma bateria de meios técnicos, incluindo leitores biométricos.

Os resultados preliminares da votação serão conhecidos em 19 de outubro e os resultados finais em 7 de novembro.

Sayed Noor Ahmad, de 31 anos, funcionário de uma escola na capital, está "preocupado com a segurança", mas pensa que "não há outra opção senão votar e eleger um líder".

Vários eleitores com quem a AFP falou denunciaram incidentes técnicos, devido a leitores biométricos defeituosos e censos eleitorais incompletos.

"Inscrevi-me para votar e cheguei cedo ao colégio eleitoral, mas infelizmente meu nome não estava na lista", disse à AFP Ziyarat Khan, agricultor da província de Nangahar (leste).

O principal enigma dessa eleição será a extensão da abstenção. Espera-se que muitos eleitores permaneçam em suas casas, tendo perdido a esperança de que suas elites melhorem suas condições de vida, além do medo de ataques ou fraudes.

O futuro chefe de Estado assumirá as rédeas de um país em guerra, em que 55% da população vivia em 2017 com menos de dois dólares por dia e no qual o conflito com os insurgentes matou mais de 1,3 mil civis no primeiro semestre de 2019, segundo a ONU.

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