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Eleições na França 2022: Macron e Le Pen vão ao segundo turno

A disputa acirrada segue a mesma "fórmula" de 2017, quando ambos os candidatos se enfrentaram; com 80% das urnas apuradas, Macron teve 26% dos votos e, Le Pen, 25%

Debate entre Le Pen e Macron sobre as eleições de 2017 na França 03/05/2017 (Eric Feferberg/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2022 às 16h24.

Última atualização em 10 de abril de 2022 às 21h02.

O atual presidente da França, Emmanuel Macron, e a principal rival, Marine Le Pen, vão disputar o segundo turno das eleições 2022, marcado para 24 de abril. O resultado deste domingo, 10, repete a disputa de quatro anos atrás, quando os mesmos nomes seguiram para a disputa final pelo cargo mais alto no país.

De acordo com informações do Le Monde, o Ministério do Interior divulgou os seguintes resultados, com base em 95% dos eleitores registrados: Emmanuel Macronvem em primeiro lugar com 27,41%. Marine Le Pen obteve 24,03% dos votos, bem à frente de Jean-Luc Mélenchon, com 21,57%.

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Ele já reconheceu a derrota e pediu que os eleitores franceses não deem "um voto sequer" a mais para Le Pen no segundo turno. A maioria dos candidatos derrotados declarou apoio a Macron na disputa, com a exceção de Éric Zemmour, também de extrema-direita, que aparece com 6,94% nessa apuração parcial.

As eleições foram, de fato, marcadas por uma alta abstenção, como já era esperado. Ao contrário do Brasil, na França, não é obrigatória a votação de todos os cidadãos maiores de idade. Até às 17h, horário local, aproximadamente 65% dos franceses inscritos para votarem haviam comparecido, um índice menor do que o das últimas eleições, em 2017 -- para o mesmo horário, era de 69,4%.

Se vencer, Macron se tornará o primeiro presidente francês a conseguir ser reeleito em 20 anos. No entanto, a impopularidade do governo entre alguns grupos e o aumento da inflação ameaçam sua reeleição.

Com 67 milhões de pessoas, a França tem o sétimo maior produto interno bruto do mundo (o segundo maior da União Europeia, atrás da Alemanha), e o resultado francês será observado com atenção por seus impactos na economia mundial.

O vencedor influenciará nas decisões sobre questões geopolíticas e econômicas centrais, como o pós-coronavírus, a guerra na Ucrânia e, para o Brasil, temas como o acordo Mercosul-União Europeia e pressões ambientais.

Por que Macron perdeu espaço?

Macron cresceu nas pesquisas no começo do ano, em meio à guerra na Ucrânia e seu protagonismo nas negociações com o presidente russo, Vladimir Putin.

O tema passou a ser classificado como prioritário entre os eleitores franceses - o que era prejudicial a Le Pen, que chegou a imprimir material de campanha ao lado de Putin, antes da guerra.

Mas com o conflito na Ucrânia passando de 40 dias, o assunto perdeu tração e questionamentos antigos ao governo Macron voltaram à tona.

E ainda, como efeito indireto da guerra, a inflação crescente de combustíveis, energia e alimentos virou tema central na campanha, o que começou a pesar contra o governo Macron.

Por que Le Pen cresceu?

Le Pen tem focado sua campanha no aumento do custo de vida, prometendo melhores salários e aposentadorias. Estes são temas onde Macron, que defende reformas trabalhistas e previdenciárias, é criticado.

Já as pautas tradicionais de Le Pen e da extrema-direita, como o discurso anti-imigração e anti-União Europeia, são ainda fortes entre parte da população, mas menos importantes hoje do que eram em 2017 (apenas dois anos depois da grande crise migratória europeia em 2015, em que mais de 1 milhão de imigrantes sírios chegaram à União Europeia). As questões de imigração estão sempre associadas, no programa de Le Pen, às pautas econômicas, e ela tem afirmado que o foco é a "imigração legal".

Além disso, para alguns analistas, a existência de Zemmour - visto como mais à direita do que Le Pen em temas nacionalistas, como aEXAMEmostrou - serviu para suavizar a imagem da candidata da Reunião Nacional.

Quem tem mais chance de ganhar no segundo turno?

Macron é ainda visto como favorito para vencer, mas o segundo turno em 24 de abril é uma incógnita.

A segunda vaga na etapa final da eleição também será crucial: Macron se deslocará para a direita ou para a esquerda no discurso a depender de quem for seu oponente, se Le Pen ou Mélenchon.

Em 2017, Macron venceu Le Pen no segundo turno com 66% dos votos. Desta vez, as pesquisas apontam uma disputa muito mais acirrada. Já contra Mélenchon, Macron pode vencer com mais facilidade.

Para o segundo turno, os cenários em 8 de abril são os seguintes, na média das pesquisas:

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