Patricia Bullrich: candidata ficou em terceiro lugar na eleição presidencial e endossou Milei (Juan Mabromata/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 25 de outubro de 2023 às 13h03.
Última atualização em 25 de outubro de 2023 às 13h37.
Patricia Bullrich, terceira colocada no primeiro turno das eleições presidenciais na Argentina, anunciou nesta quarta, 25, seu apoio ao deputado Javier Milei na disputa do segundo turno.
Bullrich, que teve 23,83% dos votos no primeiro turno, fez o anúncio em uma entrevista coletiva em Buenos Aires. "A maioria dos argentinos votou pela mudança. Temos diferenças com Javier Milei, mas temos a obrigação de não sermos neutros. A pátria está em perigo. A Argentina não pode começar um novo ciclo liderada por Sergio Massa, que levaria a Argentina a uma decadência final. A pátria precisa de uma mudança de raiz", disse.
Patricia fez críticas duras a Massa e ao Kirchnerismo, que associou a mafiosos, a corrupção e a ameaças à democracia. "Faz 20 anos que nos afundam na decadência. Podemos avançar em um país sem populismo."
Sobre o apoio a Milei, ela disse ser uma posição pessoal, e não um acordo político por futuro cargos. "Não há acordo. Essa é nossa postura frente à sociedade. Só o que há é uma posição política estratégica que cremos ser a correta", afirmou.
Bullrich disse que falava apenas por ela, e não por seu partido. A coligação Juntos por el Cambio, vive um racha sobre que rumo seguir no segundo turno. Segundo o jornal "Clarín", parte das lideranças do grupo querem neutralidade no segundo turno. Já outros nomes eram contra uma adesão imediata a Milei, sem antes negociar cargos ou contrapartidas.
Milei teve 29,98% dos votos no primeiro turno e ficou atrás de Sergio Massa, ministro da Economia, que liderou a votação com 36,68%. Massa havia ficado em terceiro lugar nas primárias, em agosto, e ultrapassou Milei, que havia sido o líder na votação inicial.
O candidato ultraliberal ficou estagnado na faixa de 30% dos votos entre as primárias e o primeiro turno, e precisa dos votos de Bullrich para vencer a eleição.
Na noite de domingo, 22, após a divulgação dos resultados, Bullrich deixou claro que não apoiaria Massa. "O populismo empobreceu o país, e não vou celebrar que chegue ao governo quem fez parte do pior governo da história da Argentina, que repartiu dinheiro e endividou ainda mais o país", discursou.
Na mesma noite, Milei havia feito acenos à Patrícia e pediu união contra a esquerda. "Não podemos permitir que o kirchnerismo siga nos afundando. Dois terços [do eleitorado] votaram contra esse governo de delinquência", disse.
Durante a campanha, Milei havia feito vários ataques a Bullrich, como acusá-la de participar de grupos armados contra a ditadura. No discurso depois da votação, no entanto, pediu para deixar o passado para trás.
"Tivemos uma conversa privada com Milei sobre as falas e nos perdoamos mutuamente. A pátria necessita que nos perdoemos", disse Bullrich.
O segundo turno na Argentina será realizado em 19 de novembro. A posse do novo presidente está marcada para 10 de dezembro, para um mandato de quatro anos, até 2027.