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Eleições influenciarão próximas reformas do governo Lula

Se aliados do governo apresentarem um bom desempenho nas eleições, debate sobre as próximas reformas ficará menos ideológica, afirma a Tendências

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 15h27.

Uma boa vitória do Partido dos Trabalhadores (PT) e de seus aliados nos pleitos municipais pode facilitar a tramitação das próximas reformas do governo Lula. A avaliação é da consultoria Tendências, que aponta a autonomia do Banco Central e as mudanças na legislação trabalhista como os próximos projetos a serem apresentados no Congresso. Mas, ao contrário da maioria das avaliações, a Tendências acredita que as vitórias não servirão para conter os partidos de oposição. Seu principal mérito será desarmar resistências entre os próprios aliados.

"Com o partido (PT) se saindo bem nas grandes cidades e ao mesmo tempo crescendo nos pequenos municípios, o governo terá condições de encaminhar uma discussão menos ideologizada sobre seus projetos", afirma a Tendências.

Se o partido de Lula sofrer derrotas graves em outubro, o relacionamento entre o PT e o governo ficará mais tumultuado, segundo a consultoria. Os reveses serão interpretados dentro do partido como sinal de que a política econômica gera dividendos apenas para o governo central, como mostra a última pesquisa CNT/Sensus, sendo incapaz de se refletir em vitórias nos grandes centros urbanos. "É de se esperar que haja pressões para que o partido resgate as bandeiras históricas da esquerda", diz a consultoria.

Os focos mais evidentes de resistência à atual política econômica de Lula são os líderes do PT no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Eles atribuem o mal desempenho dos candidatos às eleições nas capitais ao leque de alianças que foram forçados a compor com partidos com quem não concordam e à forma como o governo federal conduz a economia. A Tendências lembra que o PT só apresenta candidaturas francamente favoritas em quatro capitais (Aracaju, Recife, Belo Horizonte e Palmas). Em outras três (São Paulo, Curitiba e Porto Alegre), a disputa está bastante acirrada e não é possível prever quem vencerá.

Federalização da disputa

Na avaliação da consultoria, não é correta a afirmação de que as eleições paulistas são uma prévia da disputa entre PT e PSDB pela presidência da República em 2006. Embora a consultoria admita que o partido vencedor se fortalecerá para o pleito daqui dois anos, são os fatores locais que explicam a atual polarização entre tucanos e petistas.

A prefeita Marta Suplicy, candidata à reeleição, é rejeitada pelos paulistanos sobretudo por aspectos de sua gestão. Citando pesquisa da Vox Populi publicada pela revista Veja, a Tendências destaca que o eleitorado está descontente com as taxas criadas pela prefeitura e pela má administração dos assuntos públicos. Apenas 2% dos entrevistados rejeitam Marta por manter ligações com Lula.

Já o candidato do PSDB, José Serra, está se beneficiando principalmente do declínio do malufismo. Com a perda do fôlego da candidatura de Paulo Maluf (PP), antigos eleitores do ex-prefeito estão migrando para Serra.

Por isso, a Tendências afirma que as eleições presidenciais de 2006 serão decididas mais pelo desempenho geral da economia até lá, do que pelo resultado da eleição municipal de outubro. "Se a economia confirmar um crescimento da ordem de 4% ao ano nos próximos dois anos, e a aprovação do governo federal continuar a subir, a candidatura de Lula será extremamente competitiva", diz.

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