Eleições EUA: Por que o voto pelo correio é tão importante?
Modelo ganhou espaço nas últimas eleições e pode ser usado por Trump para questionar eventual derrota
Repórter de macroeconomia
Publicado em 26 de setembro de 2024 às 09h36.
Votar pelo correio é uma prática antiga nos Estados Unidos. Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, soldados podiam votar por carta mesmo estando lutando nas trincheiras da Europa ou nas batalhas aéreas na Ásia. O uso do modelo cresceu na pandemia e deve ter papel importante nas eleições de 2024 .
"Em 1996, 90% dos votos foram presenciais e 8% foram votos pelo correio. Em 2020, na pandemia, 45% dos votos foram pelo correio", diz Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington e sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital, no programa O Caminho para a Casa Branca. Assista abaixo.
Além do voto pelo correio, há também votação antecipada. Alguns estados, como a Virgínia, permitem que eleitores votem de forma presencial em outras datas antes do dia da eleição. A divulgação dos resultados só ocorre após o fechamento das urnas.
"A gente vai ter praticamente metade dos eleitores já tendo colocado seus votos antes do dia 5 de novembro. A expectativa que ouvi de diversos analistas é que pelo menos 1/3 dos eleitores devem votar pelo correio este ano e metade de forma antecipada", diz Moura.
O professor aponta ainda que o voto antecipado ou pelo correio foi uma maneira criada pelos estados para tentar anestesiar o fato de que os Estados Unidos faz uma votação em dia útil, o que dificulta a participação, em um país em que o voto não é obrigatório. Em 2020, cerca de 66% dos eleitores compareceram para votar, um dos maiores percentuais em décadas.
Cada estado faz sua regra
Nos Estados Unidos, cada estado tem autonomia para definir as regras da eleição presidencial em sua jurisdição. Assim, as regras para votar pelo corrreio ou de forma antecipada variam de estado para estado.
Na Pensilvânia, por exemplo, qualquer eleitor pode pedir para votar pelo correio, sem precisar de uma justificativa. O pedido pode ser feito pela internet e a pessoa recebe a cédula em casa. Essa cédula pode ser enviada pelo correio de volta ou entregue em locais de recebimento, como as próprias seções eleitorais, e precisa chegar para contagem até às 20h do dia da eleição, 5 de novembro, para ser considerada na contagem.
Debate entre Kamala Harris e Donald Trump
A regra-padrão determina que os pedidos devem ser feitos até dia 29 de outubro, uma semana antes da votação, mas em caso de emergência, como um problema de saúde, o pedido pode ser feito depois disso.
Os republicanos e o ex-presidente e atual candidato presidencial, Donald Trump, fazem questionamentos ao voto pelo correio e dizem que a prática pode ser alvo de fraudes, mas sem apresentar provas.
Em 2020, Trump não reconheceu a derrota e passou semanas tentando reverter o resultado, com alegações que incluiam questionamentos ao voto pelo correio. A ação culminou com a invasão do Congresso por seus apoiadores em 6 de janeiro de 2021. Apesar da invasão, o Congresso certificou a vitória de Joe Biden e ele tomou posse como presidente.
Dados ajudam a prever resultado
Conforme a votação antecipada avança, é possível ir buscando dados que podem indicar os rumos da eleição. Embora a divulgação apuração dos votos só comecará em 5 de novembro, após o fechamento das urnas, analisas ficam de olho em informações sobre quais condados e regiões estão com maior número de votos já registrados.
Se áreas onde há mais eleitores democratas estão pedindo mais a votação de forma antecipada, há maior chance de o partido ter um bom resultado ali, por exemplo.