(Shannon Stapleton/Reuters)
Editor de Macroeconomia
Publicado em 4 de novembro de 2024 às 14h00.
Na próxima terça-feira, dia 5, os Estados Unidos decidirão quem presidirá o país pelos próximos quatro anos. A disputa eleitoral será entre a atual vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris e o ex-presidente republicano Donald Trump.
Diferentemente do Brasil, o voto nos EUA é facultativo e indireto. Além disso, o processo de organização eleitoral também é descentralizado. Ou seja, cabe a cada estado, e por vezes a cada condado, definir como serão as regras para o registro e a contagem de votos — inclusive a tecnologia que será utilizada para essa contabilização.
Embora os EUA não tenham um órgão central de organização eleitoral, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil, existe a Comissão de Assistência Eleitoral (EAC) que presta assistência ao processo de votação — a agência criou um guia para garantir a segurança do voto eletrônico no país.
Nos EUA, há uso de máquinas para fazer a votação, especialmente para contagem dos votos.
Segundo reportagem da ABC News, embora autoridades eleitorais usem tecnologia para registro de eleitores, apuração e, em alguns casos, votação, o sistema de eleições nos EUA é amplamente centrado em cédulas de papel.
“Em quase todos os lugares do país, cerca de 98% dos eleitores, ao votarem, terão um registro em papel de seus votos”, disse Derek Tisler, conselheiro do programa de eleições e governo do Brennan Center for Justice, uma organização que estuda a integridade eleitoral, à ABC News.
Historicamente, cinco tipos de máquinas de votação foram usadas nos EUA, segundo o MIT Election Lab, um centro de estudo sobre integridade eleitoral vinculado ao MIT:
Nas eleições de 2020, por exemplo, 77% dos votos foram contabilizados utilizando tecnologia de escaneamento, segundo levantamento do MIT Election Lab, e 20% por meio de dispositivos eletrônicos de gravação direta.
No método de escaneamento, os eleitores marcam suas cédulas em uma cabine de votação privada e, em seguida, ela é escaneada ao ser depositada na urna, com os votos sendo contabilizados ao final do dia.
Já os sistemas eletrônicos de gravação direta utilizam botões ou telas sensíveis ao toque para registrar votos, muitas vezes com um registro em papel para auditorias ou recontagem, segundo a ABC News.
E dispositivos e sistemas de marcação de cédulas, totalmente eletrônicos, são usados principalmente para acomodar eleitores com deficiência.
Atualmente, há 10 fabricantes de sistemas de votação que foram testados e aprovados pela EAC. Entre elas, estão as empresas Clear Ballot, Dominion Voting Systems e Election Systems & Software (ES&S).
Uma medida fundamental para dificultar o hackeamento das máquinas de votação é a ausência de acesso à internet durante o processo de votação. As máquinas usadas para escanear cédulas em um local de votação são incapazes de ter qualquer conexão de Wi-Fi, Bluetooth, rádio ou rede.
“Esses sistemas absolutamente não podem ter nenhuma rede”, disse à ABC News Chip Trowbridge, diretor de tecnologia da Clear Ballot. “De fato, se você olhar para as máquinas da Clear Ballot, o único cabo que sai delas é o de energia.”
As eleições de 2020 foram marcadas por acusações, sem provas, de fraude na contagem dos votos pelo então-presidente Donald Trump. A principal consequência dessas acusações foi a invasão do Capitólio, sede do Legislativo americano, em 6 de janeiro de 2021.
Apesar das acusações, tribunais estaduais e federais rejeitaram mais de 60 processos em seis estados feitos por Trump e seus aliados para reverter o resultado eleitoral.
Em um caso que ficou célebre, a Dominion Voting Systems processou a Fox News, que acusou a empresa de manipular resultados. Em abril de 2023, a Dominion chegou a um acordo de quase US$ 800 milhões com a Fox por espalhar teorias falsas nas plataformas da emissora conservadora.
Os votos dos eleitores orientam os delegados de cada estado a seguir a vontade popular no Colégio Eleitoral, responsável pela decisão final. Cada estado possui um número de delegados que varia entre 3 e 54, conforme sua população.
Após o voto popular, o candidato mais votado em cada estado recebe todos os delegados (exceto em Maine e Nebraska, que utilizam um sistema proporcional). Para garantir a presidência, são necessários 270 dos 538 votos do Colégio Eleitoral.