Jose Antonio Kast, novo presidente do Chile, tomará posse em março de 2026Jose Antonio Kast, novo presidente do Chile, tomará posse em março de 2026 (Eitan Abramovich/AFP)
Repórter de internacional e economia
Publicado em 30 de dezembro de 2025 às 06h01.
Em 2025, alemães, bolivianos, chilenos e norte-americanos foram às urnas, além de cidadãos de diversos outros países, e algumas tendências se destacaram. Na América do Sul, houve uma série de vitórias de candidatos de direita, enquanto nos EUA, o presidente Donald Trump viu derrotas em estados importantes.
"A esquerda não venceu nenhuma eleição presidencial este ano na região", disse Guillaume Long, ex-ministro das Relações Exteriores do Equador e pesquisador do Centro de Pesquisas Econômicas e de Políticas (CEPR, na sigla em inglês), com sede em Washington, à agência AFP.
Três países da América do Sul tiveram eleições presidenciais em 2025, e nos três, candidatos conservadores venceram. Na Bolívia, em outubro, Rodrigo Paz foi eleito presidente e colocou fim a um ciclo de quase 20 anos de governos de esquerda.
Em dezembro, no Chile, Jose Antonio Kast foi eleito após superar Jeanine Jara, candidata do atual presidente Gabriel Boric, de esquerda. Kast tomará posse em março de 2026.
Além de Bolívia e Chile, o presidente do Equador, Daniel Noboa, também conservador, se reelegeu em maio. Na Argentina, o presidente Javier Milei teve uma vitória importante nas eleições legislativas em outubro, e ampliou sua força no Congresso.
Analistas ponderam, no entanto, que as vitórias da direita refletem também um cansaço com a política tradicional e com os partidos no poder.
"Mais do que uma guinada ideológica, as pessoas estão mais dispostas a ver se políticas mais radicais e mais extremas podem funcionar", disse Michael Shifter, do think tank Diálogo Interamericano, com sede em Washington, também à AFP.
Para ele, os resultados "refletem em grande medida o desencanto com todos os partidos políticos tradicionais na América Latina".
Ao mesmo tempo, as vitórias da direita devem acelerar o avanço de medidas mais duras contra a violência urbana e a imigração irregular. Kast, por exemplo, promete iniciar uma deportação em massa no Chile após tomar posse.
O alinhamento dos presidentes de direita com Trump pode colaborar ainda para um maior afastamento destes países em relação à China. O governo americano colocou como prioridade aumentar sua influência na América Latina, e reduzir a de outras potências.
Em sua vitória em outubro, Milei teve forte apoio de Trump, que buscou declarar apoio em várias eleições pelo mundo, assim como membros de seu governo.
Os efeitos do apoio de Trump e seus aliados, todavia, são variados. O americano também apoiou as vitórias de Kast e de Noboa, mas seu posicionamento teve o efeito contrário em ao menos duas eleições internacionais de peso.
Na Alemanha, em fevereiro, o vice-presidente JD Vance e o empresário Elon Musk, na época parte do governo Trump, deram apoio ao partido AfD, de extrema-direita. Analistas apontam que este apoio acabou reduzindo o apoio ao partido entre eleitores indecisos, que não gostaram de ver uma interferência estrangeira na política alemã.
No Canadá, em abril, o efeito foi mais direto. Após Trump iniciar uma guerra comercial com o Canadá e ameaçar anexar o país, o partido Liberal, que estava em baixa nas pesquisas, teve uma retomada e o líder do partido, Mark Carney, venceu a disputa ao apostar no discurso da defesa do país. Seu principal rival, o conservador Pierre Poilevre, perdeu pontos por ter feito muitos elogios a Trump no passado.
Os Estados Unidos também tiveram eleições locais, em novembro, e houve vitórias democratas nas eleições para governador na Virgínia e em Nova Jersey.
Na cidade de Nova York, foi eleito como prefeito Zohran Mamdani, que defende medidas firmes para baixar o custo de vida e que já tinha chamado Trump de fascista.
O presidente americano fez muitas críticas a ele, mas depois da vitória, o recebeu no Salão Oval e disse esperar que ele faça um bom mandato.
O calendário eleitoral de 2026 terá disputas importantes, com eleições presidenciais na Colômbia, em março, e no Brasil, em outubro.
Além disso, haverá eleições nacionais na Hungria (abril), Suécia (setembro) e Israel (até o fim de outubro, em data a ser definida).
Para a política dos EUA, a principal data será 3 de novembro, quando serão realizadas as midterms, eleições de meio de mandato que renovarão a Câmara e o Senado e marcarão a reta final do governo Trump.
Com AFP.