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EI vende antiguidades iraquianas no mercado negro

Militantes adquiriram alguma experiência com antiguidades depois de assumirem o controle de grandes partes da Síria


	EI: militantes usam intermediários na venda de tesouros inestimáveis para financiar suas atividades
 (AFP)

EI: militantes usam intermediários na venda de tesouros inestimáveis para financiar suas atividades (AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2014 às 12h05.

Paris - Artefatos iraquianos antigos estão surgindo no mercado negro à medida que militantes do Estado Islâmico usam intermediários na venda de tesouros inestimáveis para financiar suas atividades depois de dominar o norte do país, afirmaram autoridades iraquianas e ocidentais.

Os militantes adquiriram alguma experiência com antiguidades depois de assumirem o controle de grandes partes da Síria, mas quando capturaram a cidade de Mossul, no norte do Iraque, e a província de Nínive, em junho, tiveram acesso a quase dois mil dos 12 mil sítios arqueológicos registrados do país.

A Mesopotâmia, parte do Iraque atual, foi uma das primeiras civilizações. Seu nome significa “entre os rios” em grego, uma referência aos rios Tigre e Eufrates, que tornaram a região um epicentro de agricultura e comércio e uma encruzilhada de civilizações.

Lugar onde ficavam as antigas Nínive e a Babilônia, cujos jardins suspensos eram uma das sete maravilhas do mundo antigo, a área foi o lar dos sumérios, que deram ao mundo a escrita cuneiforme – a mais antiga forma de escrita ocidental – aproximadamente em 3.100 a.C.

Discursando em uma conferência da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês) em Paris, para alertar sobre o risco para a herança cultural iraquiana, Qais Hussein Rasheed, responsável pelo Museu de Bagdá, disse que grupos organizados estão atuando em coordenação com o Estado Islâmico.

"É uma máfia internacional de artefatos", declarou aos repórteres. “Eles identificam os itens e dizem o que podem vender”. Como algumas das peças têm mais de dois mil anos, é difícil saber seu valor exato.

Citando autoridades locais ainda em áreas dominadas pelo Estado Islâmico, Rasheed afirmou que o maior exemplo de pilhagem até agora ocorreu no grande palácio de Kalhu do rei assírio Assurbanípal II, do século nove a.C.

“Tábuas assírias foram roubadas e encontradas em cidades europeias”, disse ele. “Alguns destes itens são cortados e vendidos em partes”.

Outra autoridade iraquiana, que não quis se identificar, disse que os artefatos também estão sendo escavados, e que países vizinhos como Jordânia e Turquia precisam fazer mais para evitar que tais peças cruzem as fronteiras.

“As coisas estão passando por nossas fronteiras e indo parar em casas de leilões no exterior”, afirmou. “Infelizmente, muito do lucro destes artefatos será usado para financiar o terrorismo".

Um diplomata ocidental declarou ser cedo demais para avaliar exatamente quantos tesouros iraquianos atravessaram as fronteiras.

“Vimos centenas de milhões de dólares em peças sírias surgirem depois que seus sítios foram saqueados, então é razoável esperar o mesmo do Iraque”, disse.

O evento da Unesco, que reuniu diplomatas, autoridades iraquianas e especialistas na herança cultural iraquiana, acontece antes da assembleia geral da entidade, na qual a França irá apresentar uma resolução para chamar a atenção dos países-membros e criar uma missão para ajudar o Iraque a avaliar os danos.

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