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Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2012 às 17h40.
Cairo - A Junta Militar do Egito estabeleceu um prazo de 48 horas aos partidos políticos para acertar as prerrogativas do próximo presidente do país, ou caso contrário emitirá uma declaração constitucional de forma unilateral.
O porta-voz do partido salafista Al Nouri, Mohammed Noor, disse à Agência Efe que a cúpula militar pediu às forças políticas que obtenham um acordo para fixar os poderes presidenciais ante a iminência das eleições, cujo primeiro turno será realizado nos próximos dias 23 e 24.
"Estou otimista sobre um acordo com os demais partidos nos próximos dois dias, embora haja legendas que prefiram adiar este assunto até depois do pleito", disse Noor em alusão ao Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana, que domina o Parlamento e apresenta um candidato a presidente, Mohammed Mursi.
Caso não se consiga um pacto, Noor advertiu que a Junta Militar emitirá uma declaração que determinará os poderes do próximo líder, o que, segundo ele, provocaria grande polêmica entre os diversos grupos políticos.
A gestão dos militares à frente do país desde a renúncia do presidente Hosni Mubarak em fevereiro de 2011 esteve acompanhada de forte oposição política e social, inclusive das manifestações que pedem a transferência de poder o mais rápido possível a uma autoridade civil.
Já a porta-voz do Partido Democrático e Social do Egito, Hala Mustafa, afirmou à Efe que seu partido está em contato com os dirigentes das demais forças para chegar a um consenso sobre as prerrogativas presidenciais que possa ser aceita por todas as partes ante a falta de uma Constituição.
"É necessário elaborar normas definidas para que o próximo presidente tenha garantias para desempenhar seu cargo", acrescentou.
O Egito se encontra imerso em um vazio constitucional desde a derrogação da Carta Magna como consequência do triunfo da revolução de 2011.
Em março desse ano, aprovou-se em referendo uma declaração constitucional que outorgava os poderes do presidente à Junta Militar até que fosse eleito um novo líder em eleições democráticas.
No entanto, não estão claras as prerrogativas que terá o novo presidente após o próximo pleito, já que até o momento não se redigiu uma nova Constituição.
Uma assembleia designada pelo novo Parlamento passou a rascunhar uma nova Carta Magna, mas foi boicotada pelos grupos liberais e por amplos setores da sociedade, que temiam que a maioria islamita impusesse seus interesses sem contar com as demais forças.