Integrantes do Ultras, grupo radical que apoia o presidente deposto Mohamed Mursi, gritam e balançam bandeiras próximo à Universidade do Cairo, no Egito (REUTERS/Amr Abdallah Dalsh)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2013 às 20h17.
Cairo - O governo provisório do Egito deve anunciar o fracasso da mediação internacional que buscava acabar com a crise política do país, disse o jornal estatal Al-Ahram nesta terça-feira, citando fontes oficiais.
O diário informou ainda que o governo, instalado em julho pelas Forças Armadas, irá declarar que as atuais manifestações da Irmandade Muçulmana não são pacíficas, o que poderá abrir caminho para sua dissolução forçosa.
A reportagem saiu horas depois que dois influentes senadores dos Estados Unidos, os republicanos John McCain e Lindsey Graham, pressionaram os militares egípcios a libertar presos políticos e iniciar um diálogo nacional que devolva o país ao regime democrático.
Os dois políticos também descreveram a destituição do presidente islâmico Mohamed Mursi como um golpe, termo rejeitado pelos militares e pelo governo provisório.
Os militares derrubaram Mursi em 3 de julho, após enormes manifestações populares que exigiam a renúncia dele. Desde então, partidários do presidente deposto, ligado à Irmandade Muçulmana, realizam protestos e acampamentos pedindo a restauração do mandato de Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente na história egípcia.
Centenas de pessoas já morreram em confrontos entre forças de segurança e partidários de Mursi nas últimas semanas. Representantes de Estados Unidos, União Europeia, Catar e Emirados Árabes Unidos pressionam as partes em confronto a negociar o fim da crise e evitar mais violência.
Mas a reportagem do Al-Ahram, atribuindo a crise apenas à intransigência da Irmandade, mostrou que uma solução negociada é improvável. O texto diz que o governo provisório irá anunciar "o fracasso de todas as delegações norte-americana, europeia, catariana e dos Emirados em convencer a Irmandade de uma solução pacífica para a atual crise".
O jornal acrescentou que o governo considera a derrubada de Mursi um fato consumado e que manterá seu cronograma para a realização de eleições dentro de nove meses.
Ao declarar que as manifestações não são pacíficas, o governo também sinaliza com a possibilidade de dissolver os acampamentos da Irmandade nos bairros de Rabaa e al-Nahda, no Cairo.
Qualquer ação das forças de segurança, no entanto, provavelmente ficará para depois de domingo, quando termina o mês islâmico sagrado do Ramadã.