Egito aprova polêmico acordo para ceder ilhas à Arábia Saudita
O acordo estabelece que as ilhas de Tiran e Sanafir pertencem ao reino wahhabita porque estão em suas águas territoriais
EFE
Publicado em 14 de junho de 2017 às 13h44.
Cairo - O Parlamento do Egito aprovou nesta quarta-feira o polêmico acordo pelo qual o país cede à Arábia Saudita duas ilhas estratégicas situadas no Mar Vermelho, apesar da oposição de algumas forças políticas e de setores da sociedade egípcia.
A agência oficial de notícias "MENA" informou que a Assembleia aprovou o acordo "de forma definitiva e por maioria" após debater o relatório redigido pelos dois comitês parlamentares que revisaram o pacto antes que este fosse submetido hoje à votação.
O acordo, assinado por Egito e Arábia Saudita em abril de 2016, estabelece que as ilhas de Tiran e Sanafir pertencem ao reino wahhabita porque estão em suas águas territoriais.
As duas pequenas ilhas se encontram em uma posição estratégica na entrada do Golfo de Aqaba, de onde é possível bloquear a passagem ao porto israelense de Eilat e ao jordaniano de Aqaba.
O governo egípcio afirma que as ilhas sempre pertenceram à Arábia Saudita, mas estavam sob tutela do Cairo porque o fundador do reino, Abdulaziz al Saud, pediu que o Egito as protegesse pois, na época, os sauditas não contavam com uma força naval.
Por outro lado, o Tribunal Supremo Administrativo do Egito opinou em janeiro que as ilhas sempre foram egípcias, mas o Tribunal de Assuntos Urgentes anulou esta decisão em abril ao considerar que a primeira corte não tem jurisdição sobre elas.
Além disso, alguns atores sociais pedem a realização de um referendo para decidir sobre o destino de Tiran e Sanafir, por exemplo, a Organização para a Defesa da Constituição, fundada pelo ex-ministro de Relações Exteriores do Egito e candidato presidencial, Amr Moussa.
Os partidos políticos de oposição, assim como movimentos de esquerda e ativistas egípcios, rechaçaram a "venda" das ilhas à Arábia Saudita e se mobilizaram contra a mesma, nos maiores protestos contra o governo de Abdel Fattah al Sisi desde a sua chegada ao poder em 2013.