Hillary louvou o papel desempenhado pelo presidente egípcio, Mohammed Mursi (Alberto Pizzoli/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2012 às 18h33.
Cairo - O Egito anunciou nesta quarta-feira um acordo entre Israel e as facções palestinas lideradas pelo Hamas para decretar um cessar-fogo que deve pôr fim a oito dias de violência na Faixa de Gaza.
O ministro das Relações Exteriores egípcio, Mohammed Kamel Amr, foi o encarregado, na presença da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, de formalizar a cessação das hostilidades, que começou às 21h locais (17h de Brasília).
''O Egito realizou grandes esforços e contatos com os dirigentes palestinos, as facções palestinas, com Israel e com as partes internacionais envolvidas, com os Estados Unidos à frente, e esses esforços levaram a um acordo para o cessar-fogo e ao fim do derramamento de sangue'', disse Amr.
Em seu discurso, prometeu que o Egito, que foi designado no acordo como fiador de seu cumprimento, continuará com seus esforços para encontrar uma solução ''global e justa'' na região.
Por isso, reivindicou às partes o acatamento da trégua, que prevê a cessação das ''ações hostis de Israel contra Gaza, seja por terra, mar ou ar, incluídas as incursões terrestres e as operações contra indivíduos'', assim como de toda agressão ''de Gaza contra Israel, incluídos o lançamento de foguetes e os ataques contra a fronteira''.
Por sua vez, a chefe da diplomacia americana deu as boas-vindas ao acordo, que considerou como um passo na direção correta que deve ser mantido entre todos.
''Este é um momento crítico para a região. O novo governo egípcio está assumindo a responsabilidade e a liderança que transformaram durante muito tempo este país em uma pedra angular da estabilidade e da paz'', declarou Hillary, que também louvou o papel desempenhado pelo presidente egípcio, Mohammed Mursi.
Na mesma linha de Amr, a chefe da diplomacia americana acredita que ''não há mais alternativa que uma paz justa e global'', para o que se comprometeu a trabalhar com o Egito e seus parceiros na região.
Desde o começo da operação ''Pilar Defensivo'', há oito dias, 162 palestinos morreram em Gaza e mais de 1,3 mil ficaram feridos, enquanto cinco israelenses morreram em consequência dos foguetes disparados da Faixa.
Além de obrigar à cessação das hostilidades, o acordo inclui a abertura dos cruzamentos fronteiriços de Gaza com Israel e a facilitação do movimento de pessoas e bens nas passagens de acesso à região.
A trégua também contempla o ''livre movimento dos pescadores e a extensão da zona de pesca'' controlada pela Marinha israelense em torno de Gaza, atualmente limitada a três milhas marítimas.
Estas últimas medidas deverão ser implementadas 24 horas depois da entrada em vigor do cessar-fogo, segundo a ata do acordo.
O líder do Hamas, Khaled Meshaal, celebrou o final da escalada de violência e assegurou que seu grupo conseguiu ''todas suas exigências'' com o acordo para um cessar-fogo em Gaza.
Além disso, qualificou o acordo como uma derrota para Israel, que, segundo o chefe do escritório político do movimento palestino, ''fracassou em todos seus objetivos''.
A trégua chegou após um intenso dia de diplomacia na capital egípcia e depois de uma reunião entre Mursi, Hillary e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que também cumprimentou o importante papel desempenhado pela mediação egípcia.
O Egito se reservou ainda o papel de árbitro que avaliará as ''observações'' que possam ser apresentadas pelas partes sobre o cumprimento - ou não - do acordo.