Mundo

Egito abre caminho para candidatura de general

Votação no referendo fez avançar um plano de transição anunciado pelo governo, liderado pelos militares

Egípcio comemora em frente à estátua do ex-chefe do Estado Maior do Exército do Egito Abdel Moneim Riad, perto da praça Tahrir (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

Egípcio comemora em frente à estátua do ex-chefe do Estado Maior do Exército do Egito Abdel Moneim Riad, perto da praça Tahrir (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2014 às 16h52.

Cairo - Os egípcios aprovaram por esmagadora maioria uma nova Constituição, informou a mídia estatal nesta quinta-feira, um resultado já amplamente esperado e que deixa o chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi, mais próximo de se candidatar à Presidência.

A votação num referendo fez avançar um plano de transição anunciado pelo governo, liderado pelos militares, depois da deposição do presidente islâmico Mohamed Mursi, em julho, após protestos de massa contra seu governo.

A Constituição conseguiu amplo apoio da maioria dos egípcios que eram favoráveis à remoção de Mursi. A Irmandade Muçulmana pediu o boicote às urnas, dizendo que o referendo era parte de um golpe que depôs um presidente eleito e revigorou a brutal polícia do Estado.

Mas a votação foi também um sinal do anseio generalizado do retorno à estabilidade depois de quase três anos de violência que afetou a economia e empobreceu muita gente.

A previsão é de que a próxima etapa seja a eleição presidencial, para a qual Sisi - com grande apoio no país - parece ser o único candidato sério. Ele ainda não se declarou candidato.

Cerca de 90 por cento das pessoas que votaram aprovaram a Constituição, segundo a mídia estatal. O jornal Al-Ahram, principal órgão de apoio ao governo, disse que a Constituição foi aprovada por uma "maioria sem precedentes", citando resultados preliminares.

As autoridades, que vêm apresentando o plano de transição como o caminho para a democracia, prenderam dirigentes islamistas e, nas últimas semanas, ativistas de posição secular, incluindo figuras destacadas no levante contra o presidente Hosni Mubarak, em 2011.

Mursi e outros políticos da Irmandade estão sendo julgados por acusações que incluem o incitamento à violência e conspiração com grupos de militantes estrangeiros contra o Egito.

Vários integrantes do movimento secular de protesto também foram presos por desrespeitar uma nova lei que restringe fortemente o direito de manifestação.

Embora países ocidentais tenham criticado a repressão e pedido políticas inclusivas, fizeram pouca pressão sobre o governo apoiado pelos militares, por certas razões estratégicas.

O Egito controla o Canal de Suez, a mais rápida rota de passagem entre a Europa e a Ásia, e tem sido um dos pilares da política dos Estados Unidos no Oriente Médio desde os anos 1970, quando se tornou o primeiro país árabe a firmar a paz com Israel.

Segundo um funcionário do Ministério do Interior, o comparecimento às urnas parece ter superado mais de 55 por cento, na primeira votação desde a derrubada de Mursi. Uma aliança pró-Mursi, que fez campanha pelo boicote, alegou fraude, mas não apresentou provas.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaEgitoPolíticaPrimavera árabe

Mais de Mundo

Pelo menos seis mortos e 40 feridos em ataques israelenses contra o Iêmen

Israel bombardeia aeroporto e 'alvos militares' huthis no Iêmen

Caixas-pretas de avião da Embraer que caiu no Cazaquistão são encontradas

Morre o ex-primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, aos 92 anos